Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6,5 milhões de brasileiros têm alguma deficiência de visão, o que representa 3,5% da população. Desses, 6 milhões são baixa visão ou visão subnormal, e 528.624 pessoas são completamente incapazes de enxergar.
A conscientização cada vez maior sobre a importância da inclusão e da acessibilidade, inclusive na comunicação visual, tem levado ao aumento da procura por opções de impressão que incluam outras linguagens, como o Braille.
E mais: ao utilizar a impressão em Braille, é possível garantir não apenas a acessibilidade e a inclusão do público com algum tipo de deficiência visual, mas também benefícios ao negócio.
Murillo Teixeira, especialista de produtos da Roland, empresa japonesa líder mundial em soluções industriais para sinalização, artes gráficas, envelopamento de veículos, impressão UV, fotografia, gravação e modelagem 3D, reforça que a aplicação do Braille nos mais variados materiais significa muito mais que acessibilidade de informação e inclusão: “Trata-se de uma ressignificação do material impresso, tornando-o mais humano e de maior valor”, diz.
Mas é impressão em Braille ou aplicação de Braille?
Você deve estar se perguntando: como se dá esse processo de impressão em Braille? Antes de explicarmos o passo a passo, é preciso trazer um pouquinho de conhecimento técnico sobre o assunto:
“No jargão técnico, usamos ‘aplicação de Braille’. Isso porque, muitas vezes, o Braille não é produzido por equipamentos de transferência de tinta (impressoras), e sim por equipamentos de acabamento, como máquinas de corte e vinco e dobradeiras, utilizando clichês em metal (macho e fêmea). Mas, ao pé da letra, impressão é toda modificação artificial e proposital de uma superfície”, explica Murillo.
O especialista detalha: “Existem equipamentos de impressão que possuem a capacidade de gerar áreas em relevo, e isso permite a impressão tátil dos símbolos em Braille. Tais métodos de impressão utilizam a tecnologia de cura de tinta por radiação ultravioleta, são estas: impressoras jato de tinta UV e impressão serigráfica com tinta reativa UV. A tecnologia UV permite a secagem instantânea da tinta, sendo possível a impressão de camadas sobrepostas, o que irá gerar o relevo do Braille”.
Em resumo: é possível, então, fazer impressão em Braille tanto com equipamentos de acabamento (corte e vinco e dobradeiras) quanto com impressoras com tecnologia UV.
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E como saber qual o processo mais adequado para cada peça?
“O que determinará a vantagem de um processo de impressão sobre o outro é a quantidade que se quer produzir (volume). Embalagens farmacêuticas, por exemplo, utilizam o sistema de pressão mecânica, que pode ser agregado no processo de corte e vinco e/ou no processo de dobra e fechamento dos cartuchos, utilizando clichês de metal”, relata Murillo.
O especialista explica: “Em casos de volumes menores, é muito viável a produção por meio de equipamentos de tecnologia UV, onde o processo não dependerá da confecção de ferramentais e não terá o custo de setup de equipamento, que é a produção de todas as matrizes e ajustes necessários antes da produção”.
Para deixar ainda mais claro, Murillo exemplifica: “para a produção de embalagens cartotécnicas, quando se trata de altas demandas, geralmente, o processo de produção do Braille é realizado por equipamentos de acabamento (máquinas de corte e vinco e dobradeiras automáticas utilizando clichês de metal), já para a produção de rótulos e etiquetas, utiliza-se mais o processo de impressão UV (Versa UV LEC2 Series, Versa UV LEF2 Series e EU-1000MF)”.
De uma forma ou de outra, o especialista reforça que o importante é seguir alguns critérios, pois trata-se de uma simbologia padronizada mundialmente, cujo resultado deve ser compreendido por todos que a utilizam. Estes critérios estão relacionados ao tamanho dos símbolos, orientação de posição e altura mínima para a percepção tátil, e estão na norma ABNT NBR 9050:2004.
E imprimir em Braille em grandes formatos, é possível?
Murillo garante que sim. “Com a utilização de sistemas de impressão UV, é possível fazer a aplicação de verniz com diversas camadas, até que se atinja a altura mínima para a compreensão dos símbolos. É possível a produção de Braille em materiais flexíveis, utilizando um equipamento de alimentação a rolo, como a LEC2 Series, ou em materiais rígidos, utilizando equipamentos como a LEF2 Series e a EU-1000MF”, afirma.
Agora que você já sabe mais sobre a impressão em Braille, fica aqui uma dica: ela pode ser uma porta de entrada para novos negócios, além de solucionar esta lacuna do mercado e, ainda, ajudar muita gente.
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