O mercado de painéis de LED, tanto indoor quanto outdoor, apresenta enorme potencial de crescimento no Brasil, impulsionado pela crescente integração com o ambiente digital e pela padronização de práticas no segmento OOH (Out of Home). Essa convergência favorece a atração de anunciantes do meio online, sobretudo através de estratégias de mídia programática. Além disso, o robusto setor varejista e a grande diversidade do setor de serviços no país investem cada vez mais em painéis de LED para atrair clientes, fortalecer marcas e oferecer experiências diferenciadas.

Trata-se de um mercado em processo de amadurecimento, que desperta o interesse de fabricantes internacionais (notadamente chineses), integradores de tecnologia e importadores — participantes que contribuem para a evolução e profissionalização do setor. Nesse cenário, fica evidente a necessidade de projetos e iniciativas que estimulem a diversidade de formatos e aplicações do LED no mercado brasileiro.

Painel em empena-cega no Rio de Janeiro, 2021 – Sergio Rizo

Destaca-se, ainda, a presença desses painéis no espaço urbano por meio de iniciativas privadas do setor OOH, presentes em grandes formatos e também em painéis menores integrados ao mobiliário urbano. No Brasil, a publicidade em mobiliário urbano geralmente ocorre por meio de concessões públicas, termos de cooperação ou mecanismos jurídicos equivalentes. Na prática, as prefeituras abrem editais para que empresas habilitadas possam instalar, gerenciar e, por vezes, substituir as estruturas publicitárias existentes.

Vale mencionar que São Paulo sediou, em 2013, a maior licitação de mobiliário urbano do mundo — superando cidades como Los Angeles, Paris e Londres. Na ocasião, o edital contemplou relógios eletrônicos digitais (mil unidades), além de 7.500 abrigos de ônibus e 14.700 totens indicativos, incluindo a remoção ou adequação das estruturas antigas. O investimento foi de aproximadamente R$ 146 milhões para os relógios, e cerca de R$ 540 milhões para abrigos e totens. O critério de seleção foi a melhor proposta de outorga e técnica, com prazo de concessão de 25 anos para ambos os contratos.

Exemplo de relógio de rua com publicidade em São Paulo, 2024 – Sergio Rizo

Diante desse panorama, por ocasião do ilustre convite para debater sobre inovação sustentável no Festival Rec’n’Play em Recife, destaco o mobiliário urbano Smartlet®, que é um dos exemplos mais inovadores no país. Trata-se de um ambiente de convivência que promove inclusão digital e estimula a interação social. O mobiliário possui um painel em LED e chama a atenção pelo design e pela construção sustentável, predominantemente com materiais recicláveis, e ganha um diferencial ao ser homologado pela EMPREL, a Empresa Municipal de Informática, que vai além do papel tradicional das áreas de TI governamentais. Ela lidera a modernização digital de Recife, desenvolvendo plataformas que centralizam os serviços públicos e facilitam o acesso dos cidadãos.

O Smartlet é um espaço urbano tecnológico que oferece pontos de carregamento para dispositivos digitais, acesso a wi-fi de alta velocidade e áreas confortáveis, inclusivas e sustentáveis para interação social, todos mantidos por energia limpa. Além disso, permite à gestão municipal veicular conteúdos institucionais, publicitários e de utilidade pública por meio de uma rádio interna e de um painel de LED externo, funcionando como um canal de comunicação múltiplo entre o poder público, moradores e turistas. Fotos Sergio Rizo, outubro/2025.

Ao contratar startups e empresas inovadoras, a EMPREL estimula o ecossistema tecnológico local, impulsionando o desenvolvimento econômico e social do município, além de se destacar pelo uso de inteligência de dados na gestão pública, promovendo decisões mais eficientes em áreas essenciais. Agências de inovação como essa são fundamentais como articuladoras desse ecossistema, ao conectar governo, empresas, universidades e sociedade civil. Seu papel transcende o desenvolvimento de pesquisas, atuando como pontes estratégicas para transformar conhecimento em soluções práticas e sustentáveis, promovendo a chamada “Hélice Tripla”:

  • Governo: Identifica demandas públicas e cria políticas de incentivo;
  • Universidades e Centros de Pesquisa: Geram conhecimento científico, tecnológico e formam profissionais qualificados;
  • Empresas (Setor Privado): Desenvolvem soluções, criam produtos, geram emprego e movimentam o mercado.

A agência de inovação atua como facilitadora desse diálogo, garantindo que o conhecimento acadêmico se transforme em aplicações concretas com impacto real. E cadê a agência de inovação da sua paróquia? Você a conhece? Deveria!

Enfim, acredito muito na importância da participação das empresas e demais atores na promoção de iniciativas que movimentem a economia, mas que também cumpram um papel social significativo. Vivemos em um país marcado por profundas desigualdades e precisamos encarar nossa realidade de frente. Sei que, sozinhos, os painéis de LED não transformarão o mundo, mas acredito de verdade que o amadurecimento desse segmento no Brasil pode ser impulsionado por entidades como a EMPREL, estimulando projetos urbanos que valorizem nossa cultura — menos inspirados em “Blade Runner” e mais conectados ao nosso “Maracatu Atômico”. O verdadeiro amadurecimento do mercado passa, ao meu ver, pelo entendimento da necessidade de abrasileirarmos as técnicas e tecnologias em linha com as nossas VERDADEIRAS demandas.

Seguimos!

Que eu me organizando posso desorganizar – Sergio Rizo, outubro/2025

Um pouco mais sobre a minha participação no Festival Rec’n’Play em outubro de 2025 – ‘Debate flutuante’ no Rio Capibaribe e fórum de economia circular marcam 2º dia de programação do REC’n’Play: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2025/10/17/debate-flutuante-no-rio-capibaribe-e-forum-de-economia-circular-marcam-2o-dia-de-programacao-do-recnplay.ghtml