Muito mais que colorir o mundo, entender a linguagem visual das cores é essencial para explorar como diferentes tonalidades influenciam as emoções e percepções das pessoas. 

As cores evocam emoções e criam conexões, influenciando o comportamento das pessoas. Na comunicação visual, escolher as cores certas pode fazer toda a diferença no impacto da mensagem transmitida. Ou seja, considerar a força das cores ajuda a melhorar a estratégia de comunicação visual.

Para entender melhor sobre a relevância da linguagem visual das cores, conversamos com Ana Caroline de Bassi Padilha, professora do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Confira!

Cor: elemento fundamental dentro da comunicação visual

Entendemos a comunicação visual como sendo tudo aquilo que comunica um conteúdo de forma visual, aliando objetividade e intencionalidade. 

Dessa forma, a cor, elemento presente nas mais variadas formas de comunicação visual, pode ser considerada o componente mais expressivo e emotivo do processo visual, influenciando no impacto e na compreensão da mensagem transmitida.

Assim, além de apresentar um significado universalmente compartilhado, a cor possui também um valor informativo particular, que se dá através dos significados simbólicos a ela associados. 

Dessa forma, para se estudar a construção simbólica da linguagem visual das cores e seus efeitos perceptivos, é preciso observar três aspectos: 

  1. Construção cultural simbólica social e coletiva, 
  2. Materialização dos significados em dicionários de cor e, por fim, 
  3. Efeitos psicológicos desta construção. 

Como seres culturais, participamos ativamente da construção dos significados de tudo o que faz parte do nosso cotidiano. Logo, os significados são construídos no uso, coletivamente”, destaca Ana Caroline Padilha. 

A Professora da UFPR cita um exemplo: “toda vez que uma mulher se casa com um vestido branco de noiva, está comunicando e reforçando o significado de “pureza” da cor branca aplicada ao seu vestido”. 

Vale lembrar que o significado de cada cor, bem como o efeito que cada uma delas tem, depende de onde ela está aplicada. 

Por exemplo, o efeito de um vermelho aplicado em um semáforo é totalmente diferente de um efeito do mesmo vermelho quando aplicado em uma parede de uma casa ou em um estabelecimento comercial. 

O uso, significados e efeitos das cores devem sempre ser pensados de acordo com o contexto, ambiente ou objeto onde se encontram aplicadas, a fim de possibilitar uma comunicação mais efetiva”, afirma a professora.

Em projetos de comunicação visual, o uso das cores deve ser estratégico

O uso da linguagem visual das cores dentro da comunicação visual tem o poder de evocar sentimentos, expressar personalidades e criar conexões. 

Pode, ainda, ser explorada como um recurso comunicador auxiliando na identificação e no reconhecimento de marcas e produtos. “No mercado publicitário, ela estimula a associação de uma marca e acelera a diferenciação de concorrência”, destaca Ana Caroline.  

A professora explica que a cor pode ser adotada como um recurso comunicador poderoso que pode, inclusive, auxiliar na identificação e no reconhecimento instantâneo de marcas e produtos, como por exemplo: 

A cor vermelha característica da marca e produtos da Coca-Cola ou a combinação das cores amarela e vermelha da letra “M”, que faz menção à marca McDonald ‘s. Além disso, o vermelho, quando combinado com o amarelo, estimula duas sensações: fome e rapidez. 

No caso de restaurantes fast-food como o McDonald ‘s, esse é um combo perfeito, visto que as cores empregadas podem despertar fome nos consumidores, mas também a necessidade de consumir rapidamente o produto”, complementa a professora. 

A cor nunca trabalha sozinha

A professora da UFPR destaca que, numa marca, a cor nunca deve trabalhar sozinha, mas em conjunto com outros elementos como a tipografia, a ilustração, o formato, além de sua aplicabilidade em materiais diversos. 

A combinação desses elementos contribui para o reconhecimento imediato da marca de um produto, empresa ou serviço”, explica.

Quando se trata de comunicação visual com texto e imagem, como é o caso de materiais gráficos como cartões de visitas, folders e pastas institucionais, entre outros tipos de materiais, é fundamental pensar no uso de cores que tenham contraste a fim de garantir legibilidade, harmonia e destaque ao material criado. 

O contraste é uma das formas mais eficazes de acrescentar algum atrativo visual, criando uma hierarquia entre os diferentes elementos. 

Alguns exemplos de uso de contraste em materiais gráficos podem ser observados quando usamos cores claras com cores escuras (como branco com preto), cores quentes com cores frias (como amarelo com azul escuro), cores com diferença de saturação (vermelho puro com vermelho dessaturado).

Dessa forma, Ana Caroline Padilha explica que uma comunicação visual efetiva no que diz respeito à escolha das cores, depende do conhecimento do público-alvo para o qual o material se destina. 

Devemos conhecer e procurar atender os desejos e as necessidades de quem vai consumir o material visual criado. Isso pode potencializar as chances de engajar os consumidores, encantar e comunicar de maneira assertiva”, afirma.

O futuro da linguagem visual das cores

Tão importante quanto o entendimento dos aspectos físicos e psicológicos que a linguagem visual das cores causa na percepção humana é a compreensão dos processos que determinarão o produto final. 

Nesta compreensão, a professora da UFPR pergunta: O material de comunicação visual criado será impresso ou digital? 

Se o material for impresso, a professora explica que o padrão de cores mais utilizado é o CMYK (Ciano, Magenta, Amarelo e Preto), “pois entendemos como cores pigmentos”, diz. 

Para materiais impressos, outras duas questões são importantes: 

  1. Calibração do monitor, que consiste em ajustar contraste, brilho e temperatura de cores; e 
  2. Prova de impressão, que consiste num protótipo do trabalho a ser impresso a partir de um arquivo digital e serve de amostra para o cliente e de guia para o impressor. 

Entretanto, se o material criado for veiculado apenas digitalmente, usamos o padrão de cores RGB (Red, Blue e Green). Por isso, saber se o material será impresso ou digital é fundamental e tem influência direta na qualidade e fidelidade das cores utilizadas.

Outra maneira de garantir ou intensificar a qualidade das cores destacada pela professora é por meio dos acabamentos usados em materiais impressos como a laminação, aplicação de verniz fosco ou brilhante, aplicação de hot stamp, entre outros. 

O tipo de acabamento escolhido pode conferir elegância e sofisticação, proteger o impresso durante o manuseio, como também destacar detalhes ou informações importantes”.

A professora também salienta que a ferramenta de Inteligência Artificial vem ocupando um papel significativo na automação de tarefas rotineiras. “A IA pode sugerir paletas de cores, estilos de fontes e layouts com base em preferências do público-alvo e tendências, facilitando os processos de design”. 

No entanto, ela destaca que será sempre será de responsabilidade do profissional que trabalha com comunicação visual analisar essas informações e adequá-las de acordo com os objetivos do projeto.

Ana Caroline enfatiza que a escolha e a aplicação da cor em projetos de comunicação visual não podem ser realizadas de maneira puramente intuitiva. “À intuição, deve-se atrelar a informação, que a valoriza, qualifica e fundamenta”.

Dessa forma, fica claro o entendimento de que a linguagem visual das cores é uma ferramenta poderosa que pode levar sua comunicação visual a um novo patamar. 

Por isso, nada melhor do que o dia da cor para estimular os profissionais a utilizarem essa ciência a seu favor, estabelecendo uma conexão emocional com o seu público e destacar-se no mercado, conquistando a confiança e lealdade dos clientes.

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