O substrato para impressão sublimática precisa ter polímeros em sua composição, e por ser submetido às prensas e calandras, ele também deve resistir a altas temperaturas. Esses dois critérios eliminam muitos materiais. No entanto, um deles cumpre muito bem tais requisitos: o tecido sintético. Materiais rígidos e tecidos naturais, por exemplo, só podem receber imagens sublimadas se tiver uma película de resina de poliéster, pois é nesse revestimento superficial que a tinta ancora.
Parece pouco quando nos referimos a “tecidos sintéticos”. No entanto, suas variedades possibilitam uma ampla diversidade de aplicações. Na soft signage, por exemplo, os sintéticos são base tanto de peças tradicionais (como displays de pdv) quanto de instalações funcionais (como móveis infláveis). Também são largamente usados para decoração ambiental e confecção de bandeiras.
O soft signage é um dos segmentos que tendem a puxar o crescimento da sublimação digital. Isso porque, apesar de paulatina, há uma adoção cada vez maior do substrato têxtil por birôs e seus clientes, que estão mais cientes das vantagens oferecidas pela mídia. Ela é leve e fácil de transportar, carregar, instalar, armazenar e descartar. As estampas sublimadas ficam coloridas, vivas e brilhantes. E há ainda o seu apelo ecológico, sobretudo em comparação aos substratos vinílicos.
A indústria têxtil também tem se beneficiado da impressão sublimática de grande formato. A tecnologia vem possibilitando a produção de pequenas escalas personalizadas e largas produções de materiais sintéticos, abrindo mercados e ampliando o leque de serviços.
Segundo João Leodonio, proprietário da Pari Transfer, especializada em oferecer serviços de estamparia digital têxtil, há quatro grupos principais de tecidos sintéticos empregados na sublimação:
– PP (100% poliéster);
– Poliéster com Elastano;
– PA (Poliéster com Algodão)
-PV (Poli Viscose).
Os tecidos PP são totalmente compostos por poliéster. Entre eles estão o Flamê (malha leve que aparenta certa transparência), o Devorê (malha com algumas partes mais fechadas e outras mais abertas), o Crepe (mais nobre, confere acabamento superior), o Oxford (mais barato, para a confecção de painéis e sinalização) e o Tactel (com toque menos nobre, encolhe quando sublimado).
Já os materiais de Poliéster com Elastano são usados para compor peças de vestuário que precisam de um caimento colado ao corpo. Alguns deles são o Suéde (para calças legging e bodys), o Dry Fit (não esquenta muito e é base de muitos artigos esportivos), o Chiffon (confere certa transparência às peças de vestuário) e o Cetim (para peças que precisam de um toque de ceda).
Já o grupo das mídias de PA, além de conter várias composições, se caracteriza por não oferecer nitidez total às estampas sublimadas. Isso porque apenas os fios de poliéster receberão a impressão, o que torna o toque mais “pesado”.
Entre os materiais de PV, há tecidos com diferentes percentuais para cada tipo de fio. Para eles, recomenda-se realizar testes antes de sublimar toda a produção, pois podem apresentar manchas ao serem lavados.
Papéis para sublimação de grande formato
Em comparação com outras tecnologias de impressão de grande formato, a sublimática parece mais complexa. Isso porque ela exige um número maior de etapas produtivas. É o caso da prensagem: quando a tinta e o tecido são submetidos a calor e pressão. Há também a impressão no papel de transferência, que cumpre a função de “portar” a tinta até que ela seja sublimada. Embora os papéis sejam muito usuais, há equipamentos, com foco na produtividade, que prescindem dessas mídias. Isto é, eles estampam diretamente a tinta nos tecidos.
Segundo Marco Boer, da IT Strategies, consultoria norte-americana especializada em pesquisar mercados e tecnologias de impressão digital, há diferenças técnicas entre a estamparia direta e o uso do papel transfer: “O papel permite melhor calibração de cores e de tinta. Ele geralmente não exige pré-tratamentos nos tecidos. Porém, pode dificultar o registro em larguras maiores e pode complicar a produção de tiragens maiores”.
Cabe a cada estamparia digital determinar qual é a tecnologia mais adequada para cumprir as demandas da empresa. No entanto, os papéis são de longe os mais disseminados. Na sublimação de grande formato, podemos encontrar mídias transfer com larguras entre 1,1m e 2m. Embora as mais utilizadas sejam as de 1,1m, 1,6m e 1,8m, por conta de preço e compatibilidade com os tecidos. Quanto à gramatura, esses papéis podem variar de 54g/m2 a 70g/m2.
O mais recomendado é o uso de materiais com tratamento superficial, como o offset, capaz de impedir a ancoragem da tinta em sua massa mecânica. Isso é uma grande vantagem, pois são necessárias cargas menores do insumo para se obter uma impressão de qualidade. Em outras palavras: economiza-se tinta. Esse papel pode vir com uma espécie de cola aplicada superficialmente, a TAC ou PEGA, que cumpre a função de aderir a mídia ao tecido. Isso evita a movimentação deles durante a sublimação.
Entre os papéis sem tratamento, estão o offset e o sulfite. Em comum, eles ancoram mais tinta em sua massa mecânica. Resultado? Maiores cargas do insumo serão necessárias para se estampar imagens de qualidade. Isso porque, na prensagem, menos corante acaba sublimando, pois grande parte dele ficará retida no “miolo” do papel.
O monolúcido sem tratamento tem características similares aos papéis offset e sulfite. Porém, contém fibras de celulose branqueadas e recebe um tratamento de calandra durante sua fabricação. Por isso, tem maior resistência mecânica e ancora menos tinta em sua massa.
Quanto ao armazenamento, os papéis devem ficar em local fresco com controle de temperatura (entre 22ºC e 25ºC) e umidade (entre 50% e 60 %). A umidade muito baixa gera estática no papel, o que dificulta a impressão. Quando é superior a 60%, ocorre a absorção demasiada, que causa ondulações e pode alterar a composição da tinta no papel. Outra recomendação importante é não deixar as mídias expostas ao sol, nem encostadas. Indica-se manter o papel em pé ou deitado, apoiando toda a superfície do rolo.
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