Imagine trabalhar a marca e toda a comunicação visual da sua empresa por meses e, na hora de imprimir uma peça física, como um banner ou mesmo um folder, se deparar com um material de qualidade duvidosa, cujas cores não correspondem às da sua marca ou a arte fica distorcida.

É para evitar que situações como essa aconteçam que existe o gerenciamento de cores. Trata-se de um conjunto de ações, controles e processos que buscam garantir a padronização no resultado de cores na impressão, assim como sua consistência e repetibilidade. Ou seja, basicamente, o objetivo é fazer com que a impressão, nas diferentes mídias, tenha exatamente as cores que foram imaginadas no projeto.

E não é só isso: “uma boa impressão, feita em conformidade com o gerenciamento de cores, traz ganhos de qualidade claramente perceptíveis, como melhor contraste, melhor passagem tonal (degradê), menor variação em uma tiragem, maior consistência das cores e fidelidade com a referência inicial ou a prova contratual”, explica Robson Xavier de Carvalho, diretor da Cor e Processo e especialista em máquinas e equipamentos, softwares e sistemas integrados e automatização 4.0.

Além do mais, o gerenciamento acaba sendo uma importante estratégia para redução de custos, já que permite que a impressão dos materiais seja feita com qualidade em uma única vez, sem a necessidade de reimpressões e adequações.

Vale ressaltar aqui que o tratamento de imagem é diferente do gerenciamento de cores. O primeiro é uma ação pontual sobre um componente de um arquivo, com o objetivo de melhorá-lo ou melhor adaptá-lo ao processo de impressão. Ele não é parte obrigatória do gerenciamento de cores, mas pode estar incluído no fluxo de trabalho.

Gerenciamento de cor com espectrofotômetro

Como uma cor pode sair “diferente” em uma impressão?

Você deve estar se perguntando: mas como uma cor pode sair “diferente” na impressão? Robson explica que os sistemas de impressão contam com muitas variações. “Por exemplo, há diferentes tipos de cabeças e diversas capacidades de ancoramento. A absorção e a reflexão das cores também muda de acordo com cada material a ser impresso (papel, plástico, tecido etc.). Há ainda as características físicas e óticas das tintas e os tipos de calibrações utilizados para cada processo. Isso tudo precisa ser controlado no gerenciamento de cores”, diz.

Ou seja, as definições vão variar se estivermos falando de uma impressão digital, se vamos fazer uma impressão têxtil ou uma impressão de grandes formatos. De qualquer forma, o gerenciamento de cores é essencial em todos os casos. Ou como Robson resume: “o GC é importante em qualquer tipo de impressão que possa ser comparada com qualquer outra referência da marca”.

“O gerenciamento de cores é uma atividade ampla e composta de muitos detalhes, no entanto, criou-se um senso comum — e errado — de que apenas uma calibração de máquina e criação de um perfil sejam suficientes como resposta.”

Gerenciamento de cores na impressão

O gerenciamento de cores precisa sempre ser personalizado?

Com tantos detalhes assim, é fácil imaginar que, então, para cada impressão, é preciso fazer um gerenciamento de cores personalizado. Robson explica que não necessariamente. “Existem casos em que a utilização de padrões gerais e já estabelecidos é suficiente para atender os requisitos. O gerenciamento de cores específico é necessário quando os padrões comuns não são suficientes para alcançar os objetivos pretendidos”, explica.

Ele ainda reforça o quanto é importante ter conhecimento técnico na hora de definir o que deve ser feito: “A escolha do caminho precisa ser feita baseada em testes e análises ou baseada em conhecimentos prévios e validados por similaridade. O gerenciamento de cores é uma atividade ampla e composta de muitos detalhes, no entanto, criou-se um senso comum — e errado — de que apenas uma calibração de máquina e criação de um perfil sejam suficientes como resposta. O fracasso resultante dessas simplificações contribui para que profissionais do setor não reconheçam a eficiência do GC”, conta o especialista.

Principais dicas para fazer o gerenciamento de cores da forma correta

Robson dá algumas dicas importantes para quem quer acertar no gerenciamento de cores e obter os resultados esperados na impressão:

1. A capacitação técnica da equipe operacional e apoio dos gestores ou proprietários do negócio é essencial.

2. Escolha as ferramentas técnicas adequadas para o processo, assim como o objetivo.

3. Nunca adote tecnologias somente porque concorrentes ou conhecidos adotaram.

4. Padronize os insumos e conte com um fornecedor sério e comprometido em manter a estabilidade dos produtos entregues.

5. Defina os processos com riqueza de detalhes e objetividade.

6. Mantenha os requisitos de estabilidade dos insumos, a calibração periódica e a manutenção adequada dos equipamentos, a revisão periódica dos parâmetros de trabalho e, por fim, a medição dos resultados e o tratamento dos desvios contínuos.

Vale lembrar que, embora as vantagens sejam enormes, muitos profissionais do setor ainda negligenciam essa etapa ou não sabem exatamente como fazer o gerenciamento de cores corretamente.

Para Robson, alguns dos motivos podem ser a falta de conhecimento, a falta de visão sobre as perdas do processo, cultura fechada das empresas, equipes e/ou gestores, a falta de visão de negócios ou até a ilusão de que se alcança o sucesso através de atalhos e mínimo esforço.

Por isso, esse é um nicho que ainda pode ser muito explorado por profissionais que queiram se especializar. A demanda é constante e o trabalho é importantíssimo para ter uma boa impressão de qualquer tipo de comunicação.

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