Você já sabe que há diferentes técnicas de impressão e a serigrafia é uma delas, muito usada e conhecida por imprimir estampas em tecidos, couros, plásticos e outros materiais – saiba mais aqui.
De acordo com Rafael Roan, serígrafo e professor de serigrafia, a principal característica da serigrafia é basicamente o controle da camada da tinta. “É possível controlar, por meio dos fios da tela e da quantidade de demãos, quanto de tinta você quer depositar no material impresso. Com isso é possível impressões dos mais variados tipos: relevo, metalizado, glitter, puff, corrosão, estampas que esticam, estampas rígidas, flocado, etc”, conta o especialista.
É preciso destacar também uma outra característica importante desta técnica que é a versatilidade. Quem já tem negócio neste segmento sabe a importância de trabalhar com materiais diferentes e atender o máximo de demandas possíveis. Com a serigrafia é possível imprimir qualquer material: tecidos, couro, plástico, aço, vidro, cerâmica, fibra, metal – ou qualquer material, segundo Rafael, que se possa encostar uma tela serigráfica.
Confira aqui 8 tipos de estampas em serigrafia que agregam ainda mais valor a qualquer peça.
Como é o processo de Serigrafia?
Para quem tem interesse em ser um profissional da área, precisa se aprofundar em todos os processos de serigraria. Rafael pontuou quatro etapas importantes, que você confere a seguir:
1. Arte/motivo
Nessa primeira etapa o objetivo é decidir o que será impresso, onde e realizar a separação das cores.
Algumas perguntas que você precisa fazer: o material que vou imprimir é rígido? O material tem elasticidade? Esse material vai ser lavado? É um material que vai ficar pendurado na parede, como decoração? Será um material pendurado em área externa? Tudo isso é importante para definir como será o processo serigráfico, principalmente para decidir qual emulsão, tinta e solventes serão usados.
Ainda neste momento inicial, o arte finalista faz o trabalho de separação de cores no Photoshop ou no Corel. Em serigrafia cada cor precisa ficar separada em uma chapa (fotolito) diferente. O designer precisa fazer a separação já pensando em que tinta será usada na impressão, porque cada tinta tem sua finalidade. Algumas tem mais cobertura, outras são bem transparentes.
2. Pré-impressão
A segunda etapa é onde serão gravados os fotolitos (preparados pelo designer na etapa anterior) nas telas serigráficas e deixá-las encaixadas, com as cores formuladas, prontas para começar a impressão de fato.
Nessa etapa, a emulsão fotossensível é aplicada nas telas limpas, que são secadas para receber os fotolitos. Depois são levadas para uma gravadora, que nada mais é que uma mesa com luz UV. O desenho é gravado usando a mesa de luz, e revelado ao usar água.
Com as telas reveladas e secas é preciso fazer o trabalho de encaixe, para que cada impressão caia no lugar certo.
Ainda nessa etapa é preciso preparar as cores, sempre comparando com a arte original que o cliente/artista entregou. Esse é mais um ponto positivo para a serigrafia: não precisa ficar imitado às cores CMYK, porque a serigrafia alcança cores bem vivas e vibrantes.
Pra finalizar, são feitas as amostras de impressão. São estampadas duas ou três peças para ver se tudo está ok: o encaixe das cores, a tonalidade delas entre si, a cobertura. É quando se decide quais cores vão precisar de repique (outra demão). É também quando se determina a sequência de cores ideais para a impressão.
3. Impressão
Aqui, já está tudo pronto: as telas estão gravadas, encaixadas, as cores estão prontas, agora é só puxar rodo. É a etapa que costuma ser mais rápida, pois é um processo repetitivo bem simples. Basta encostar a tela no substrato e raspar a tinta pela tela com o rodo.
Assim, percebe-se que o grande custo da serigrafia está na etapa de pré-impressão, porque uma vez que tudo está encaixado e configurado, essa etapa é bem rápida. Vale destacar que não muda muito o tempo necessário pra estampar 10 ou 50 camisetas. Ou seja, quanto mais peças forem impressas, menos custosas elas tendem a ficar.
4. Recuperação
Pra finalizar, depois que todas as impressões forem feitas, partimos para a recuperação. É preciso retirar a tinta das telas e depois retirar a emulsão, para que elas possam ser usadas em outros trabalhos. Cada tinta tem seu solvente particular, mas o processo de limpeza é bem semelhante. Basta dissolver a tinta com o solvente e depois recolher usando retalhos. Para tintas a base de água, basta lavar usando água corrente. Para retirar a emulsão, existem diversos tipos de decapantes, mas todos funcionam de forma parecida: aplicando o produto nas telas e depois enxaguando a tela com água corrente. Pronto, as telas ficam limpinhas e prontas para outros trabalhos.
Quais são os principais equipamentos utilizados?
Sabia que na serigrafia é possível imprimir com muito pouco? É o que garante o especialista do curso Puxando Rodo. Para serigrafar basta ter uma tela, um rodo e um pouco de tinta. “É possível terceirizar muita coisa, inclusive a gravação da tela. Agora, para um empresa que pretende ter controle de todas as etapas, alguns equipamentos são chave”, diz.
Segundo ele, os equipamentos essenciais presentes em todas as estamparias comerciais são:
- Gravadora UV
- Mesa de impressão (seja de berços, mesa corrida ou mesa plana)
- Impressora para os fotolitos
- Alguma ferramenta de secagem, como soprador térmico ou flash cure
“Além disso, outros equipamentos podem ajudar, mas não são obrigatórios, como lavadora de alta pressão, prensa térmica, lavatório e suporte de telas. Também há outros itens usados, ainda que não sejam equipamentos, como rodos, espátulas, tintas, emulsão, fotolitos, aditivos, solventes e removedores”.
Desafios da profissão
Para Rafael, a serigrafia tem suas dificuldades técnicas, além de dificuldades de gestão da empresa em si. Quem inicia uma carreira na área sem o auxílio de um curso ou de um professor em algum momento esbarra em alguma dificuldade pontual.
“É comum encontrar problemas em todas as etapas: na edição da arte final, no emulsionamento, na revelação das telas, no encaixe, na formulação de cores, tinta que entope na tela, etc. Mas essas dificuldades são superadas com a prática. Se o iniciante estiver acompanhado com alguma espécie de conteúdo didático essas dificuldades são superadas mais rapidamente”, explica.
Agora, como qualquer outro trabalho, depois que se pega o jeito, a serigrafia tende a fluir.
Já em relação a gestão da estamparia, alguns desafios são pontuados: controle de estoque, cálculos de custos, precificação das impressões, contratação de ajudantes, marketing e outras dificuldades de todo e qualquer negócio.
Como se tornar um serigrafista?
O professor de serigrafia dá algumas dicas importantes:
- Decida que tipo de material quer estampar e que tipo de estampa quer vender.
- Faça um curso com quem faz esse tipo de trabalho. Por exemplo, se você quer montar uma marca fitness com estampas em relevo, não há porque fazer um curso de serigrafia em adesivos ou tentar aprender em uma estamparia que faz uniformes escolares. Procure um curso com alguém que faça estampas em relevo para o público fitness.
Segundo ele, a serigrafia é muito ampla, é possível fazer muita coisa, com muitos materiais e efeitos. “Apesar de fascinante, isso pode se tornar confuso para quem ainda está aprendendo o bê-á-bá da técnica”, diz.
Outra dica importante é acompanhar vídeos de diversos serígrafos nas redes sociais. Mas é claro: quem está só começando sem uma base inicial acaba não conseguindo acompanhar e obviamente se sentirá inseguro quando precisar tomar alguma decisão.
Rafael também sugere aprender a profissão com a mão na massa, entrando como funcionário em alguma estamparia. “Com a prática no dia a dia em uma empresa com certeza a pessoa vai entender como os processos funcionam”.
Quais os cuidados exigidos?
Rafael explica que a serigrafia é uma técnica que exige alguns cuidados que devem ser seguidos – não só para que o resultado seja o melhor, mas também para que não haja riscos para o profissional. Confira!
Use equipamentos de proteção
É fundamental que se use equipamentos de proteção, principalmente quando se lida com os solventes de limpeza e recuperação. Luva e máscara são essenciais durante a aplicação dos químicos. Óculos quando for retirar emulsão e resíduos de tinta. E fone quando for usar lavadora de alta pressão ou estiver perto de um compressor de ar.
Seja fisicamente ativo
Claro, não precisa ser um atleta, mas precisa estar preparado para ficar algumas horas em pé. Quase cem por cento das impressões serigráficas são feitas em pé – existem estamparias adaptadas para cadeirantes. E mais, quem for fazer impressões com plastisol, vai perceber que a tinta é bem pesada e dura, então, cada impressão é como se fosse uma remada na academia. Não é tão exaustivo, mas exige algum preparo para aguentar a jornada.
“Outro ponto importante é a necessidade de ter uma boa visão para quando estiver lidando com as separação de cores no Photoshop, quando estiver formulando as cores das tintas e quando estiver imprimindo algum motivo colorido, como uma quadricromia, por exemplo. Tomando os devidos cuidados, todos podem fazer serigrafia. Homens, mulheres, crianças e idosos”, finaliza.
E agora que você já sabe tudo sobre a profissão de serigrafista, que tal se aprofundar no assunto e seguir carreira na área? No canal digital da Future Print você confere muito mais conteúdo voltado para este segmento que podem ajudar você nesta decisão, acesse!