Em momentos desafiadores, como o atual, causado pela pandemia de COVID-19, as empresas precisam ser resilientes, criativas e ainda mais eficientes para lidar com a crise. Entre as opções para ajudar a suprir demandas financeiras mais emergenciais, o empréstimo é uma das soluções encontradas por pequenos e médios empresários.

“O empréstimo, quando bem-feito, possibilita o crescimento da empresa, o aproveitamento de oportunidades e o fomento à inovação”, lembra Felipe dos Anjos Chiconato, consultor do Sebrae-SP.

Essa é uma saída possível, também, para minimizar os impactos da crise nos negócios, sanar dívidas, ter capital de giro para manter as operações, entre outras coisas. O empréstimo é um dos caminhos mais trilhados para essa finalidade: de acordo com pesquisa do Sebrae e da FGV, mais de um terço dos pequenos negócios do Brasil já tentaram obter crédito neste período de pandemia.

No entanto, é preciso ter alguns cuidados antes de solicitar empréstimo. A seguir, saiba mais sobre boas e más práticas na hora de buscar esse suporte financeiro.

Quais os passos para conseguir empréstimo?

Os procedimentos podem variar conforme a instituição concedente. No entanto, há algumas recomendações comuns para obter empréstimo, tais como:

1. Faça levantamento da situação financeira e defina o objetivo do empréstimo

Primeiramente, é preciso “arrumar a casa”: buscar formas de reduzir custos, controlar gastos e eliminar o que não está agregando valor. É importante verificar qual seu saldo atual e qual é a previsão de entradas e projeção de saídas do fluxo de caixa.

A partir disso, será possível dimensionar corretamente a necessidade de empréstimo para não correr risco de solicitar um valor abaixo (que não irá resolver o problema e poderá levar a um novo empréstimo) ou acima das necessidades (que pode ser responsável por um endividamento maior do que o suportado pelo negócio).

Alinhado a isso, é fundamental que o empresário tenha bastante clara qual será a destinação do valor. O que sua empresa precisa para superar a crise: investir em uma nova máquina? Apoio para adquirir matéria-prima? Aporte para uma reforma estrutural?

“É preciso definir o objetivo do empréstimo. Ele pode ser destinado à compra de equipamentos, maquinários, expansão, inovação, pesquisa e desenvolvimento, para a compra de estoque, matéria-prima, pagamento de dívidas e para atender os compromissos do dia a dia da empresa”, exemplifica Chiconato.

2. Faça/atualize seu plano de negócios

Depois dessas definições preliminares, outra ação recomendada é desenvolver ou atualizar o plano de negócios, de modo que ele demonstre como seu projeto é financeiramente viável. Isso pode ser fundamental para obter uma resposta positiva das instituições financeiras – inclusive, alguns bancos solicitam que esse estudo de viabilidade seja feito com o uso de uma ferramenta própria da instituição. Portanto, já ter as informações organizadas e atualizadas tornará tudo mais fácil.

3. Organize sua documentação

Ter os orçamentos dos itens para os quais o valor do empréstimo será destinado também pode ajudar na negociação. Além disso, na medida do possível, é importante se antecipar e já ter alguns documentos de praxe organizados, tais como:

  • Contrato social e suas alterações;
  • Cartão atualizado do seu CNPJ;
  • Inscrições municipal e estadual (se for aplicável);
  • Licença e certidão de órgãos reguladores (se for o caso);
  • Relatório de faturamento do último ano;
  • Balanço patrimonial;
  • Declaração de imposto de renda de todos os sócios;
  • Demonstração de resultados de exercício (DRE).

4. Avaliar as opções de empréstimo do banco no qual já é cliente

Pode ser mais simples obter empréstimo no banco com o qual sua empresa já tem relacionamento. Nesse caso, seu gerente pode ajudá-lo a encontrar a melhor opção para atender suas necessidades financeiras.

No entanto, é preciso avaliar se, de fato, a opção apresentada é atrativa para você. Nessa hora, é importante considerar questões, como prazo de carência e do empréstimo, juros, limite do empréstimo, entre outras condições.

“Deve-se levar em conta o custo real desse empréstimo e as condições de pagamento. Também é preciso ter cuidado com a venda casada de produtos, como condições de garantia de liberação de valor, produtos esses que o seu negócio pode não precisar”, recomenda o consultor do Sebrae-SP.

Se, nessa verificação, você perceber que o banco não tem um produto que atenda às suas demandas, munido dessas informações, procure outra instituição para solicitar seu empréstimo.

5. Verifique suas garantias

As instituições que concedem empréstimo buscam minimizar riscos. Por isso, as garantias podem ser fundamentais para obter uma resposta positiva e demonstrar capacidade de pagamento.

Assim, antes de fazer a solicitação, avalie se você tem bens que possam servir de garantia. As instituições geralmente trabalham com as opções de alienação fiduciária, hipoteca, aval dos sócios ou terceiros, ou fundo de aval.

Quanto a esse aspecto, há instituições, como o Sebrae, que disponibilizam um fundo de aval para pequenas empresas, e que pode complementar as garantias a serem oferecidas. Esse fundo pode ser solicitado diretamente nos bancos parceiros.

Para uma ideia inicial, veja algumas opções disponíveis para pequenas e médias empresas:

BNDES Microcrédito – Empreendedor: financiamentos de até R$ 20 mil a microempreendedores. Taxa de juros negociada entre o agente operador e o cliente, entretanto, tendo o teto de 4% ao mês, já com encargos.

Caixa – Empreendedor Individual: necessário ter conta corrente na Caixa, certidões negativas de débito com o Governo e aprovação da análise de crédito.

Microcrédito Produtivo Orientado Caixa: empréstimo para micro e pequenos empreendedores que querem investir em seu negócio (com a compra de equipamentos, reformas, etc.). Necessário renda ou faturamento máximo de R$ 200 mil ao ano.