Próximo de sua despedida da Future Print 2025, o Sublimação em Ação contou a presença de dois especialistas que trouxeram diversos conselhos para se trabalhar com sublimação em algodão e em DTF, Lila Rios, fundadora do Lilateliê, e Felipe Nasus, criador da Nasus Ink.
A seguir, veja em maiores detalhes quais foram os principais momentos de ambas apresentações.
As técnicas por trás da sublimação em algodão
Vestindo uma das camisetas de algodão personalizadas com suas estampas, Lila Rios trouxe energia e entusiasmo sobre o tema da sublimação em algodão, que tem diversos mitos à seu respeito, incluindo o mito de que não é possível sublimar neste material de nenhuma maneira, apenas no poliéster.
Lila já tem 15 anos de experiência com artesanato e é autoridade no que se refere à sublimação por aplicá-la em objetos que geralmente não são vistos como adequados para a prática, como cadernos e, claro, roupas de algodão.
Algo que muitos dizem – e Lila confirmou como verdade – é que não tem como sublimar no algodão. “Mas aí vocês devem estar pensando: ‘o que é que ela tá fazendo aqui então?”, falou em tom de brincadeira.
No entanto, destacou que atualmente existem formas de sublimar esse tipo de tecido sem estragar a peça. As principais são as seguintes:
- Filmes para sublimação;
- Sprays à base de poliéster
- DTF
- Vinil sublimático (VTS)
Das quatro técnicas acima, Lila se especializou na última, o uso do vinil sublimático, que ela considera a sua favorita e que acha a mais esteticamente agradável.
Para que pudesse exemplificar esse tipo de trabalho, a empresária entregou alguns de seus produtos feitos por meio da técnica. As roupas eram todas 100% algodão, com as estampas apresentando cores vivas e de altíssima qualidade, que não saem durante as lavagens.
“Se for a primeira vez que vocês vão trabalhar com VTS, ou qualquer outro material que seja, sempre reservem um tempo para testarem e experimentarem jeitos novos de fazerem as coisas”, aconselhou Lila, reforçando que muitos empreendedores costumam se preocupar no “como fazer” algo novo quando já é tarde demais, depois de já terem combinado um prazo apertado com seus clientes.
Todo mundo tem que começar em algum lugar, o que significa errar continuamente até que de fato você possa aprender e dominar uma habilidade nova. “Tudo bem testar ideias novas. Na verdade, mais que isso, você deve testar ideias novas”, disse a convidada.
“As empresas que não têm diferencial nenhum são vencidas pelo preço mais barato. O tipo de sublimação que eu faço, até mesmo em cadernos, e personalizado, você não encontra em qualquer lugar, por isso sou livre para cobrar mais pelo meu trabalho”, pontua.
Lila ainda deixou duas dicas importantes para quem deseja sublimar em algodão:
- Sempre pré-lavar os tecidos antes que sejam prensados, para evitar o escurecimento das estampas com sujeira;
- Manter a atenção na temperatura e pressão, para não estragar a durabilidade do material, caso seja quente demais.
“Sempre confirmem com seus fornecedores exatamente até que temperatura o material aguenta, para ver se será adequado ao que você precisa”, justificou.
DTF é hype, mas precisa ser bem feito
Muitos que estão entrando agora no mercado estão buscando trabalhar com DTF, que tem se revelado um excelente material para se trabalhar na sublimação. Porém, quando o assunto é estamparia para roupas e o objetivo é uma peça que não pareça artificial e mantenha o conforto, o desafio é encontrar profissionais que executam com perfeição.
“O problema do DTF é que, quando você faz uma arte muito grande na roupa, ela fica bem pesada, perdendo bastante em conforto, sem falar no quão difícil é fazer efeitos de sombra e luz assim, ficando muito estourado”, comentou Felipe Nasus, conhecido especialista em DTF.
Para obter resultados mais atraentes com o DTF, Nasus apresentou uma técnica vinda originalmente da Serigrafia, mas que hoje é bem aceita por quem procura fazer artes mais detalhadas em roupas: o Halftone, que é a chave que possibilita o equilíbrio entre conforto e estética. “Assim, você não precisa mais entregar ao seu cliente uma armadura”, brincou o palestrante.
Nasus fez uma rápida demonstração ao público no Photoshop do processo Halftone aplicado na prática. Com imagens de, no mínimo, 300 dpi para serem utilizadas como base para as estampas e em preto e branco, o processo demanda bastante treino para se dominar.
“É importante que seja CMYK também, e não RGB, como vocês já podem estar acostumados de outros processos”, explicou o palestrante. No Halftone, efeitos de luz e sombreamento são criados no DTF por meio da estratégica divisão de pontos pretos minúsculos em locais específicos da estampa, o que resulta em algo mais agradável aos olhos e menos carregado em cores no seu resultado final.
O RGB, com o qual vários estão acostumados, é inadequado para o Halftone, pois tem dificuldade de identificar a lógica da posição dos pontos pretos na estampa, o que pode causar uma mudança na tonalidade.
Além da demonstração, Nasus também mostrou as melhores configurações para se imprimir produtos feitos em DTF com Halftone, que é um problema que já escutou de algumas pessoas, que relatam que o trabalho não fica bonito depois de impresso. Confira indicações do especialista sobre as configurações:
- Cabeça de Impressão: i1600, i3200 e i3200HD. XP600 funciona, mas perde qualidade;
- Filme: certifique-se que seu filme não é de má qualidade ou está mal rebobinado, o que pode desalinhar o branco e o CMYK ao imprimir;
- Qualidade da tinta: tinta branca de boa qualidade. Má qualidade faz com que não pré-seque corretamente, tirando qualidade do produto final;
- Pó: 80-200 Microns;
- Software: Alinhamento X e Y deve ser perfeito, unidirecional, sem contrair o branco.
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