Na sequência da nossa série especial Mulheres Empreendedoras da FuturePrint, seguimos com as entrevistas com as mulheres do segmento e fazem a diferença com seu trabalho, com a participação especial de nossas embaixadoras digitais.
Já entrevistamos Mila Sanchez, especialista em design de estampas, e, Mayara Calderone, expert em sublimação e personalizados. Hoje, a entrevista é com Luana Dias, do Dona de Gráfica!
Luana passou por uma transição de carreira, decidiu sair de um trabalho no qual tinha cargo de liderança para empreender e alcançar sua liberdade financeira. Assim, viu no universo do setor gráfico a chance de mudar o futuro. Mesmo enfrentando diversos desafios e quase falindo, conseguiu desenvolver sua metodologia de negócios e, hoje, também é mentora de outros empresários que estão investindo nesse setor.
Mudança de carreira e de vida
Em 2023, um levantamento do LinkedIn apontou que 60% dos brasileiros cogitavam mudar de emprego, principalmente pelos aspectos da saúde mental. Nesta pesquisa, 23 mil trabalhadores do mundo foram ouvidos, e destes, 1300 brasileiros.
Além disso, em 2022, uma pesquisa do ADP Research mostrou que 4 em cada 5 brasileiros consideravam mudar de emprego, sendo a vontade de empreender um dos principais motivos.
Assim como diversos empreendedores pelo Brasil, Luana enxergou a possibilidade de mudar completamente sua vida ao iniciar o próprio empreendimento. “Queria empreender, construir algo meu e ter liberdade para definir meu próprio crescimento. Quando surgiu a primeira oportunidade, agarrei sem hesitar”, explica.
No entanto, o processo não foi simples. Luana enfrentou alguns dos maiores desafios dos empreendedores. “Eu passei por todos os desafios que muitas empresárias enfrentam: falta de clientes certos, guerra de preços, dificuldades na gestão e aquela sensação de trabalhar muito, mas sem ver o retorno”, comenta. Luana explica que tinha a sensação constante de viver em função da gráfica, investindo não só dinheiro, mas todos os seus sonhos e seu tempo.
Muitos empreendedores enfrentam a gestão e as finanças como algumas das principais barreiras para manter seus negócios. Além de dominar os conhecimentos para os produtos ou serviços oferecidos, a gestão é parte fundamental para manter as coisas organizadas e garantir o sucesso do negócio.
Pensando nessas dificuldades, Luana reuniu toda sua experiência e conhecimentos numa mentoria para apoiar outros empreendedores do setor, não apenas com a lucratividade, mas com foco na qualidade de vida. “Dá para ter uma gráfica lucrativa e qualidade de vida. A solução não é apenas “trabalhar mais”, mas sim trabalhar de forma estratégica”, afirma Luana.
Confira a entrevista completa a seguir!
Redação FuturePrint (FTP): Luana, você deixou um cargo de gestão em um banco expressivo para se tornar empresária no setor gráfico. O que motivou essa mudança drástica de carreira após anos de experiência no setor bancário? E como sua experiência em administração te apoiou nesse momento?
Luana Dias (LD): Aos 23 anos, já ocupava um cargo de gerência em um banco expressivo, uma posição que muitos jovens almejam. Sempre fui determinada, focada e persistente. Minha trajetória familiar não foi fácil, e desde cedo me dediquei para mudar minha história e criar um futuro diferente.
Porém, com o tempo, comecei a olhar para o futuro dentro do banco e percebi que as perspectivas de crescimento eram limitadas. Via mulheres precisando mudar de cidade ou estado para avançar na carreira, outras contando os dias para se aposentar com um salário pouco diferente do que eu já recebia. Além disso, testemunhei mulheres retornando da licença-maternidade e sendo demitidas.
Foi então que me dei conta de que queria mais. A estabilidade que parecia segura, na verdade, era ilusória. Aquele era o momento de arriscar. Queria empreender, construir algo meu e ter liberdade para definir meu próprio crescimento. Quando surgiu a primeira oportunidade, agarrei sem hesitar.
Eu tinha formação e experiência em administração, mas, na prática, era muita teoria. A realidade do empreendedorismo era completamente diferente – e isso sim, eu carregava nas veias. Foi empreendendo que aprendi, na marra, que gestão não é só sobre números. É sobre resiliência, inovação e a coragem de seguir em frente, mesmo quando tudo parece difícil.
FTP: Sua gráfica quase faliu no início. Pode nos contar mais sobre esse período difícil? Quais foram os principais desafios que você enfrentou e como os superou?
LD: No início, investi todas as minhas reservas financeiras e minha rescisão. Depois, vendi carro, apartamento e continuei colocando recursos na empresa, que, naquela época, ainda estava longe de ser a gráfica digital estruturada que temos hoje.
A sensação era que eu vivia para minha gráfica e não da gráfica. Todo o dinheiro, tempo e sonhos estavam ali. E, ao invés de retorno, vieram as dívidas – algo que já me envergonhou muito.
A concorrência era esmagadora, os clientes buscavam apenas preço baixo e, naquele momento, eu ainda não sabia como comunicar valor. Vendia pouco e, quando vendia, ainda precisava lidar com clientes que pediam mais desconto. Para completar, minha única impressora dava trabalho e ainda enfrentávamos desafios como calor extremo, infiltrações e chuva dentro do ponto comercial! Parece exagero, mas tenho fotos para provar!
Cheguei a voltar para o CLT nessa fase difícil. Mas essa experiência foi essencial. Em um cargo de liderança, eu era cobrada por metas, resultados e entrega. Foi quando percebi que precisava aplicar essa mentalidade no meu próprio negócio. Decidi que não esperaria as condições melhorarem – eu mesma criaria essa melhoria.
Se não fosse minha irmã, que segurou a empresa nesse período, talvez eu não estivesse aqui contando essa história.
A superação pode parecer mágica, mas não é. O que me manteve firme foi, em primeiro lugar, a fé em Deus. Depois, a persistência. Quando enfrentamos dificuldades, precisamos decidir que não é SE der certo, mas ATÉ dar certo.
De forma prática, encontrei no digital a oportunidade de me posicionar para um público diferente do que tinha no ponto físico. Comecei a transformar impressões em produtos, agregar valor e levar diferenciação ao mercado. Foi assim que conquistamos nosso espaço e crescemos de vez!
FTP: Você desenvolveu o Método Dona de Gráfica. Pode nos explicar um pouco sobre esse método e como ele ajuda outras empresárias a aumentarem suas vendas e terem mais tempo livre?
LD: O Método Dona de Gráfica nasceu da minha própria jornada no empreendedorismo gráfico. Eu passei por todos os desafios que muitas empresárias enfrentam: falta de clientes certos, guerra de preços, dificuldades na gestão e aquela sensação de trabalhar muito, mas sem ver o retorno.
Tudo o que ensino hoje foi o que realmente me tirou daquele buraco e me fez crescer. Tudo foi testado e validado aqui na própria gráfica rápida, e continua sendo aprimorado todos os dias, porque sigo na ativa, empreendendo e crescendo no setor gráfico.
O foco é ajudar donas de gráfica a aumentarem as vendas, estruturarem melhor seu negócio e terem mais tempo livre, sem precisarem ficar presas no operacional o tempo todo. É um passo a passo prático, pensado para que a empresa trabalhe a favor da empresária(o) – e não o contrário.
Hoje, vejo esse método transformando gráficas em todo o Brasil. São mulheres, homens e famílias que estavam sobrecarregadas, sem tempo e sem lucro, e que agora conseguem vender melhor, crescer e até tirarem férias sem que tudo desmorone e ainda realizando grandes sonhos. Porque sim, dá para ter uma gráfica lucrativa e qualidade de vida. A solução não é apenas “trabalhar mais”, mas sim trabalhar de forma estratégica.
FTP: Como surgiu a ideia de se tornar mentora e fundar a Formação Dona de Gráfica e o GráficaCast?
LD: Eu sempre gostei de ensinar. Quando criança, minha brincadeira favorita era ser professora na escolinha. Na faculdade, cheguei a pensar em fazer mestrado e doutorado para dar aulas. Mas nunca planejei ser mentora, muito menos criar um método ou formar uma comunidade de empresários gráficos. Tudo isso aconteceu de forma natural, quase sem que eu percebesse.
E lembra de tudo que aconteceu em 2020? Pois é… Naquela época, minha gráfica estava estável, eu tinha reserva financeira e ainda era o ano do meu casamento. Mas, de repente, me vi prestes a ter que tirar dinheiro pessoal para salvar a empresa mais uma vez. Confesso que pensei seriamente em fechar. Chamei meu noivo e falei sobre isso. A resposta dele foi simples: “Vamos orar para ver se Deus ainda tem propósito para sua empresa.”
E Deus respondeu. Não só continuei, como foi nesse momento que nosso crescimento explodiu. O propósito estava mais claro do que nunca. Mudamos de ponto, investi em maquinário, reestruturei tudo. E acredita que escolhi esses investimentos em uma Future Print?
Foi nessa fase que começaram a chegar pedidos de ajuda, de pessoas que nem sei como me encontraram. Uma delas foi uma dona de gráfica para quem dei uma consultoria – e, em pouco tempo, ela estava vendendo 10 vezes mais. Aquilo me marcou. Vi que podia ajudar outras mulheres a conquistarem o que eu tinha conquistado. Foi assim que nasceu o @donadegrafica, e rapidamente os pedidos por cursos e mentorias não paravam de chegar.
A princípio, eu falava diretamente com mulheres, porque era a minha vivência e eu queria ajudá-las a sair do sufoco. Mas logo percebi algo curioso: os homens começaram a me procurar também! Alguns achavam que o nome indicava um movimento feminista, o que nunca foi o objetivo. Então, entendendo que homens e casais também queriam aprender, fiz um ajuste na comunicação.
Foi assim que a FDG – Formação Donos de Gráfica ganhou espaço, notoriedade e se tornou referência no mercado gráfico pelas transformações que gerou.
Recentemente, veio o GDZ – Gráfica do Zero, pensado para quem deseja migrar de nicho ou começar no setor gráfico do absoluto zero.
Já o GráficaCast surgiu da vontade de compartilhar essas transformações com o mundo. É um espaço para falar sobre tudo que realmente importa para quem empreende no setor gráfico.
FTP: Na sua experiência, quais são os maiores desafios enfrentados por mulheres empreendedoras no setor gráfico?
LD: As mulheres empreendedoras no setor gráfico enfrentam desafios que vão muito além da gestão do negócio. O primeiro grande obstáculo é a credibilidade. O mercado gráfico ainda é majoritariamente masculino, e muitas vezes uma mulher precisa provar seu valor o tempo todo – seja para clientes, fornecedores ou até mesmo colaboradores.
Já passei por situações inacreditáveis. Muitas vezes, um cliente chegava na gráfica e perguntava: “Quero falar com o dono, cadê o dono?” – e eu estava ali, bem na frente dele! Já aconteceu de fornecedores ignorarem minha presença e falarem diretamente com um funcionário homem, mesmo eu sendo a responsável por tomar as decisões. É como se, para muita gente, ainda fosse difícil aceitar que uma mulher pode estar à frente de um negócio gráfico.
Outro grande desafio é que a maioria das mulheres foca totalmente na operação e no artesanato, deixando a estratégia completamente de lado. Elas se dedicam horas e horas a produzir, a criar peças únicas, a personalizar cada detalhe, mas esquecem de olhar para o que realmente faz uma empresa crescer: posicionamento, vendas e gestão inteligente.
Eu mesma já vivi essa realidade. No começo, achava que quanto mais eu trabalhasse, mais minha gráfica cresceria. Mas a verdade é que trabalhar muito não significa lucrar mais. Eu vivia para a gráfica, mas não da gráfica. Estava sempre ocupada, mas nunca tinha tempo para estruturar um crescimento de verdade.
E vejo isso acontecendo com muitas mulheres no setor gráfico. Elas fazem de tudo, colocam a mão na massa, atendem, produzem, entregam… mas não estruturam processos, não precificam corretamente e não criam estratégias para atrair clientes certos. No fim, acabam reféns da guerra de preços, sem tempo e com um faturamento muito abaixo do que poderiam ter. Sem falar em cuidado com a casa, família, filhos… Eu acredito que nenhum sucesso vale um fracasso no lar e sei o quanto nos cobramos para sermos SUPER MULHERES.
Foi um dos motivos pelos quais criei a Formação Donos de Gráfica e com objetivo de levar também mais tempo livre, não só faturamento, mas qualidade de vida. Porque não adianta só saber produzir bem, é preciso saber vender e estruturar o negócio para crescer. E quando uma mulher aprende a fazer isso, tudo muda. Ela consegue sair do operacional sufocante, atrair clientes certos e, finalmente, ter um negócio que trabalha a favor dela – e não o contrário.
Mas, apesar dos desafios, vejo cada vez mais mulheres despertando para essa realidade e conquistando seu espaço. Tenho acompanhado empresárias que começaram pequenas e hoje comandam gráficas estruturadas, com times organizados e faturamento crescente. Isso prova que, com estratégia, posicionamento e as decisões certas, é possível não só enfrentar esses desafios, mas também se destacar no mercado gráfico.
FTP: Como você equilibra a gestão da sua gráfica com suas atividades como mentora e criadora de conteúdo? Que dicas você daria para outras empreendedoras que desejam diversificar suas atividades?
LD: As mulheres empreendedoras no setor gráfico enfrentam desafios que vão muito além da gestão do negócio. O primeiro grande obstáculo é a credibilidade. O mercado ainda é majoritariamente masculino, e muitas vezes uma mulher precisa provar seu valor o tempo todo – seja para clientes, fornecedores ou colaboradores.
Já vivi isso na pele. Diversas vezes, um cliente chegava e perguntava: “Quero falar com o dono, cadê o dono?” – e eu estava ali, bem na frente dele! Também já vi fornecedores ignorarem minha presença e falarem diretamente com um funcionário homem, mesmo eu sendo a responsável pelas decisões. Ainda há uma resistência em aceitar que uma mulher pode estar à frente de um negócio gráfico.
Outro grande desafio é que muitas mulheres se prendem à operação e ao artesanato, deixando a estratégia de lado. Passam horas produzindo, personalizando cada detalhe, mas não olham para o que realmente faz a empresa crescer: posicionamento, vendas e gestão inteligente.
Eu mesma já caí nessa armadilha. No começo, achava que quanto mais eu trabalhasse, mais minha gráfica cresceria. Mas aprendi da pior forma que trabalhar muito não significa lucrar mais. Eu vivia para a gráfica, mas não da gráfica.
E vejo isso acontecendo com muitas mulheres no setor. Elas fazem de tudo, atendem, produzem, entregam, mas não estruturam processos, não precificam corretamente e não criam estratégias para atrair clientes certos. No fim, acabam presas na guerra de preços, sobrecarregadas e com um faturamento abaixo do que poderiam ter. Sem falar no desafio de equilibrar tudo isso com a casa, a família e os filhos. Nenhum sucesso vale um fracasso no lar, e sei o quanto nos cobramos para sermos “supermulheres”.
Foi por isso que criei a Formação Donos de Gráfica – para ajudar empresárias a terem um negócio lucrativo sem abrir mão da qualidade de vida. Porque não basta produzir bem, é preciso vender e estruturar a empresa para crescer. Quando uma mulher entende isso, tudo muda. Ela sai do sufoco operacional, atrai clientes certos e finalmente tem um negócio que trabalha a favor dela – e não o contrário.
E, apesar dos desafios, vejo cada vez mais mulheres despertando para essa realidade e conquistando seu espaço. Tenho acompanhado empresárias que começaram pequenas e hoje comandam gráficas estruturadas, com times organizados e faturamento crescente. Com estratégia, posicionamento e as decisões certas, é possível não só superar os desafios, mas se destacar no mercado gráfico.
FTP: Para finalizar, que conselho você daria a outras mulheres que estão considerando uma mudança de carreira para empreender, especialmente no setor gráfico ou de impressões?
LD: Em primeiro lugar, tudo vai depender do momento de cada mulher. Quando eu comecei, escolhi correr um grande risco, mas sabia que era o momento certo para mim: eu era jovem, sem filhos, tinha onde morar e o que comer, mesmo que tudo desse errado – e chegou a acontecer.
Mas nem todas estão na mesma situação, e para algumas, não é saudável correr tantos riscos de uma vez. Nesses casos, o ideal é planejar a transição de carreira, definir metas e avançar de forma gradual. O importante não é a velocidade, mas sim a constância.
Em ambos os casos, meu principal conselho é: não espere estar totalmente pronta para começar e, acima de tudo, persista.
Muitas mulheres adiam seus sonhos esperando o momento perfeito, mas a verdade é que a gente aprende no caminho. Você conheceu minha história e viu quantas vezes pensei em desistir, passei por dificuldades e precisei recomeçar. Aprendi que o sucesso não vem para quem tenta, mas para quem persiste até dar certo.
Se possível, não tente fazer tudo sozinha. O caminho fica mais leve quando buscamos aprendizado e nos cercamos de pessoas que já trilharam essa jornada. Aprender com quem já superou os desafios economiza tempo, dinheiro e evita muitos erros.
Se você tem o desejo de empreender, vá em frente! O começo pode ser desafiador, mas com persistência, estratégia e fé, é totalmente possível construir um negócio lucrativo e equilibrado.