By Equipe Enredo – Bruno Souza e Thaís Carvalho
Todos os dias nós estamos em contato com novas mídias. O toque na tela do celular, jogos eletrônicos, restaurantes, redes sociais. Todos esses ambientes podem trazer novas dimensões de espaço, de percepção das coisas e de novas formas de interação dentro de meios digitais.
O termo novas mídias aqui se refere às mídias digitais. Estas são numéricas, usam códigos binários. As novas mídias assim se contrapõem com as “velhas” mídias, as mídias analógicas. Elas tendem a ser fixas, existem como objetos físicos, e perdem a qualidade quando são copiadas; por outro lado as digitais tendem a ser dinâmicas, são armazenadas na memória do computador, e podem ser replicadas sem perda de qualidade.
Da geração Boomer até a geração Z muita coisa mudou. Novas mídias sufocam as velhas no ritmo em que essas deixam de inovar e se tornam desinteressantes para o público mais jovem. A proporção de tempo que um adulto, acima de 55 anos, passa consumindo novas mídias aumentou nos últimos 5 anos. De 42% de todas as mídias em 2015 para 50% em 2019. Para pessoas entre 16 e 34 anos de idade, esse gap subiu de 59% para 73%.
Os brasileiros gastam em média nove horas e 29 minutos diariamente na internet, atrás somente das Filipinas no ranking mundial. Apenas nas mídias sociais, são três horas e 34 minutos diários de navegação.
Entretanto, as pessoas, independentemente da geração, ainda têm necessidade de se manter atualizadas e buscar entretenimento. E, com o surgimento de novas mídias, o que muda é por qual meio essas informações e o entretenimento são consumidos.
Inovar em si mesmo
Exemplo disso é o conteúdo em formato de áudio, que hoje está sendo mais ouvido através de podcasts com programas independentes de emissoras. Esse conceito que começou em 2006 no iPod, tirando proveito das tecnologias de compressão de áudio .mp3 e distribuição via um feed RSS reinventou o que era o rádio.
O que tornou um modelo de conteúdo que dependia de um estúdio e satélite para gravação e transmissão, agora acessível para todos. E é a remoção do gargalo que traz diversidade. As pessoas gostam desse formato porque podem escolher o assunto, o que vão escutar, onde e quando (on demand).
Alguns formatos de conteúdo tem uma transição suave entre velha e nova mídia. Esse é o caso do ebook, que não mudou muito com a sua digitalização. No entanto, ele vem acompanhado de um modelo de conteúdo que também foi revitalizado, porém com um impacto muito maior na maneira de consumo de uma velha mídia. O audiobook.
Nos anos 80 livros narrados só eram encontrados em fitas e não muito acessíveis. Hoje são uma boa parte do negócio da Amazon, com a sua plataforma Audible, e costumam ser recomendados quando se compra um ebook, e vice-versa. Parte disso é porque muitas pessoas costumam ler e ouvir um livro simultaneamente. Entre 2012 e 2015 as vendas de audiobook aumentaram em 85% de acordo com a Association of American Publishers.
Os benefícios do consumo de conteúdo educacional em formato de áudio é imenso quando combinado com o texto. De acordo com a Western Down Libraries, audiobooks aumentam a precisão da leitura em 52%. Ajudam na expansão de vocabulário e velocidade de leitura. Quando combinado com a leitura ensinam pronúncia. Aumentam a compreensão do texto em até 76%. Isso porque escutar é a primeira habilidade linguística que desenvolvemos e é como aprendemos sobre cerca de 85% de tudo nos cerca.
XOXOmídia
Ao longo do tempo, podemos observar que as mídias digitais trazem essa experiência multifocal entre imagem, som, texto e até o tato. Quanto mais interagimos com a rede social, mais interessante ela se torna. E é buscando entender como os usuários esperam interagir e qual o sentido mais apropriado para aquela necessidade que surgem novas mídias sociais.
Nos primórdios da internet, foram criadas mídias sociais que conhecemos até hoje. Como o Craigslist que serve para publicar anúncios online. Podemos entendê-lo como uma renovação dos classificados da mídia impressa. E como uma onda, as redes sociais são criadas, tem seu pico e muitas vezes caem no esquecimento com a vinda de novas outras plataformas que entendem melhor o comportamento dos usuários e quais são as necessidades para aquele momento.
Tal como aconteceu com o Orkut que foi criado em 2004, mesmo ano que o concorrente Facebook. Entendendo melhor os padrões de uso e sendo mais inovador, anos depois ultrapassou uma das redes mais lembradas pelos brasileiros. Importante é que com cada nova rede social surgem comportamentos novos na sociedade: depoimento, textão, like, seguidores e influenciadores. Apesar de serem mídias digitais, são significativas o bastante para trazer transformação para o mundo “real”.
Os influenciadores digitais são pessoas que desde os blogs têm maior parcela na formação da opinião pública sobre um assunto específico. Agora, na era do Instagram, isso tornou- se tão claro que os anunciantes preferem fazer campanhas com influenciadores a celebridades.
O que há semanas atrás achávamos que era uma rede nova, o Tik Tok, essa semana já deu espaço para o Clubhouse. Com uma mudança no formato e propósito de outras redes, a plataforma já gerou diversos conteúdos sobre as alterações que iremos enfrentar ao mergulhar nesse novo mundo, que monta a evolução de uma sala de aula com troca de conhecimento ao vivo. O destaque dessa novidade é a possibilidade tangível de poder dialogar diretamente com influenciadores, mentores e pessoas admiradas.
Esse movimento de admiração e conquista de atenção dessas personalidades é relativamente novo. As celebridades sempre foram muito inacessíveis, fazendo filmes e novelas. Uma realidade sempre muito distante. Com a popularização e ascensão dos influencers mostrando suas rotinas, bastidores e participando das mesmas redes sociais a conexão se tornou muito mais profunda.
E para além disso, descentralizou o poder de influência sobre a população. Para o mercado, foi uma transformação positiva. O público tem oportunidade de identificação, acesso e opinião muito mais ampla. Já os anunciantes conseguem propagar com menor verba, chegando a nichos que antes eram muito mais difíceis de serem alcançados, focando na experiência do consumidor e com uma linguagem mais próxima do usuário final. E sim, a influência digital resulta numa ação de compra. Muitos são os cases de sucesso que usaram dessa estratégia.
Isso tem muito a ver com a mudança nas interações sociais, o que acontece online é um mundo desejável. As pessoas começam a copiar essas ações. Um exemplo visual disso são as dancinhas de Tik Tok que são feitas não só pra plataforma, mas também em reunião de família e amigos. Assim como as mídias sociais se adaptam ao comportamento das pessoas, elas também migram condutas para se adequar às plataformas.
Mas e na prática?
• Aderir sempre que fizer sentido com o seu propósito as novas mídias e buscar entender como isso influencia no comportamento do seu público.
• Criar conexão e proximidade com os seus consumidores.
• Promover uma comunidade que acredita no seu propósito.
• Estar presente em novas redes sociais para entender como funciona.
• Promover interações business-to-business, por que do outro lado também existem pessoas por detrás das empresas.
• Independente de novas mídias, saber quais são os assuntos que seu público se interessa e conversar sobre.