O dia 21 de abril é feriado nacional para comemorar o dia de Tiradentes. Mas você sabia que nessa data é também comemorado o Dia do Têxtil?
Responsável pela transformação das fibras em fios, dos fios em tecidos e dos tecidos em moda, a indústria têxtil é considerada uma das pioneiras no processo de industrialização no Brasil.
Consequentemente, comemorar esta data é comemorar uma parte importante da história da indústria brasileira.
E é para celebrar essa data que desenvolvemos este artigo. Nele, apresentaremos as origens da indústria têxtil no Brasil, seus impactos para a economia e como funciona o sistema de produção, desde o beneficiamento da fibra até a indústria da moda.
Boa leitura!
Indústria têxtil: parte importante da história da industrialização brasileira
Desde muito tempo, a indústria têxtil tem sido uma parte importante para a economia brasileira. Mas, toda essa importância foi conquistada ao longo de décadas (talvez séculos), com o setor sendo um dos principais representantes da industrialização do nosso país.
Não há uma data exata de como a produção de tecidos se iniciou no país. Mas, alguns historiadores mencionam que a indústria têxtil começou no Brasil no período colonial, há cerca de 500 anos.
Nessa época tínhamos um movimento herdado da cultura europeia, com os portugueses colonizadores. Portanto, era apenas influência e não uma expressão cultural definitivamente brasileira.
A partir de 1900, a moda começou a ser reformulada em nosso país, sendo mais adequada ao clima brasileiro e adquirindo uma cultura nacionalizada. Fato que foi impulsionado pela Primeira Guerra Mundial.
Foi neste século que surgiram as primeiras confecções nacionais, dando início à indústria têxtil brasileira.
Um pouco mais tarde, com a revolução industrial e o surgimento de novas tecnologias, o setor viu a multiplicação de novas oportunidades. Desde então, nossas indústrias nunca mais pararam de crescer.
Mesmo com a concorrência de empresas chinesas, a cada dia, a indústria têxtil brasileira se depara com novas tendências no mercado, a partir das otimizações na produção, nos resultados e nas tecnologias.
Cadeia têxtil: entenda como funciona
Como já destacamos, o Brasil possui a maior e mais completa cadeia têxtil do Ocidente.
Ou seja, temos expertise e representatividade na produção das fibras, por meio das plantações de algodão, temos também excelentes estruturas industriais e um varejo bastante forte.
Nosso país é autossuficiente na produção têxtil, desde a matéria-prima até a comercialização do produto final.
A cadeia produtiva têxtil nacional é responsável por beneficiar as fibras, transformando-as em fios, os fios em tecidos e tecidos em produtos finais. Para isso, a nossa cadeia têxtil é composta por:
- Produtores de matéria-prima;
- Indústria química;
- Indústrias têxteis e operadores;
- Fabricantes de equipamentos e máquinas têxteis;
- Fornecedores de insumos (corantes, pigmentos, etc);
- Comércio;
- Consumidor final.
Sendo, os principais elos da cadeia produtiva têxtil:
1 – Matéria-prima
A obtenção da matéria-prima é a primeira parte da cadeia! Ela é adquirida de basicamente duas formas:
- Extrusão de fios ou fibras – desenvolvimento de fibras artificiais e sintéticas, por meio da indústria química;
- Produção agrícola ou animal de fibras – desenvolvimento de fibras naturais, decorrentes do plantio do algodão ou fibras animais;
Vale destacar que a mistura entre as fibras manufaturadas e naturais é responsável por adicionar maior resistência e durabilidade ao produto.
2 – Fiação
A fiação é o processo destinado à transformação das fibras em fios. Neste caso, os seguintes processos são adotados:
- Limpeza e abertura da matéria-prima;
- Alinhamento das fibras para formar uma manta;
- Manta é afinada e transformada em fita;
- Fita é posta na passadeira, esticada, torcida e transformada em fio.
No Brasil, essa é uma etapa que ocorre de maneira integrada, otimizando o processo e garantindo a atuação estratégica e competitiva da indústria.
3 – Tecelagem
A tecelagem resume-se ao entrelaçamento dos fios produzidos. Eles são colocados em sentidos diferentes, chamados de urdume (comprido) e trama (cruza).
A partir deste processo dois tipos de tecidos são obtidos:
- Planos – construção regular, utilizando os dois sentidos do fio;
- Malha – formada por fios que se interligam e garantem o apoio vertical e lateral. Sempre no mesmo sentido, semelhante ao processo de tricô.
4 – Beneficiamento
O beneficiamento representa o elo da cadeia produtiva têxtil responsável por aprimorar e agregar valor ao tecido. Esse processo proporciona a alteração das características físicas da peça para que ela possa ter usos especiais e específicos.
Aqui também são realizados testes de amostras para compreender a qualidade e estabilidade dimensional do tecido. Assim, evitando o encolhimento, os erros e os desperdícios na etapa de confecção.
5 – Confecção
Essa etapa transforma o fio pronto em produtos têxteis finais. Desde vestuários e calçados, passando por toalhas, decoração, lençois, e muitos outros itens.
É na confecção que ocorre o desenho, a confecção dos moldes, o corte e a costura de cada peça. Ou seja, engloba todas as atividades necessárias para transformar o tecido no produto final.
É importante salientar que essa etapa produz outros tipos de produtos para outros segmentos industriais, como a indústria de automóveis e embalagens, por exemplo.
6 – Distribuição e comércio
A distribuição e o comércio são as etapas finais da cadeia. Ela é destinada à coleta do produto têxtil final, ao armazenamento e aos processos logísticos que levam o item até o público final ou a indústria seguinte.
Números da Indústria Têxtil Brasileira
Com séculos de história, o setor têxtil brasileiro mostra sua importância para a economia nacional por diversos fatores. Os números da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) comprovam isso.
Segundo a Associação, a relevância dessa indústria se baseia nos seguintes resultados:
- O Brasil é referência em design de moda praia, jeanswear e homewear;
- Possui 24,6 mil unidades produtivas formais em todo o país (IEMI 2021);
- 2º maior empregador da indústria de transformação;
- Faturamento da Cadeia Têxtil e de Confecção na ordem de R$193,2 bilhões em 2022 contra R$ 190 bilhões em 2021 (IEMI 2023);
- Exportações (sem fibra de algodão): US$ 956 milhões em 2023 contra US$ 1,1 bilhões em 2022, segundo dados do Ministério da Economia;
- R$ 4,6 bilhões investidos em 2022;
- 1,33 milhão de empregados formais gerados (IEMI 2023) e 8 milhões ao adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 60% são de mão de obra feminina;
Todos estes dados dão ao Brasil a 5ª colocação entre as maiores indústrias têxteis do mundo. Somos também o 4º maior mercado no segmento de vestuário mundial.
Além da geração de emprego e todos esses atributos positivos, o Brasil também é considerado a maior cadeia têxtil completa do Ocidente.
Assim, segundo a Abit, o país ainda é o único que trabalha com toda a cadeia, desde a produção das fibras (plantação de algodão), passando pela indústria (fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções) e chegando até os desfiles de moda.
Todos estes dados e informações mostram que ter uma data para celebrar o dia do têxtil é extremamente relevante para este imenso setor.
Dessa forma, além de relembrar todas as conquistas, essa data é mais uma forma de deixar o setor em evidência, visando novos investimentos em inovação e tecnologia, além da geração de emprego!