O segmento de não tecidos vem se consolidando no Brasil. Nos últimos cinco anos, o setor investiu mais de US$ 70 milhões em atualização tecnológica e equipamentos de última geração.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e tecidos técnicos (ABINT), o segmento emprega mais de 16.500 pessoas e apresenta um consumo aparente anual de 283.930 toneladas. Em relação a importações e exportações são, respectivamente, 31.990 e 40.272 toneladas por ano.

Os não tecidos surgiram por volta de 2400 a.C., no entanto, foi na década de 1960 que começaram a ser produzidos no mercado como matéria-prima industrial e como produto de consumo. Na década seguinte, a indústria dominou a tecnologia, o que ajudou a popularizar os não tecidos.

Além de conhecidos no Brasil, eles são notórios por todo o mundo. Em países que falam a língua inglesa, por exemplo, os não tecidos são chamados de nonwoven, os espanhóis os conhecem por notejidos, os franceses por nontissé, os italianos por nontessuto, e os alemães por Vliesstoffe.

Continue acompanhando este artigo e saiba o que são, como são feitos e classificados, além das principais aplicações dos não tecidos.

O que são os não tecidos?

Os não tecidos são conhecidos popularmente como TNT (tecido não tecido). Enquanto o tecido é fabricado utilizando tear, o não tecido é obtido sem a necessidade deste equipamento. Ele é definido pela norma NBR-13370 e caracterizado por uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou mantas de fibras ou filamentos orientados direcionalmente ou ao acaso. Além disso, eles são feitos com vários materiais e tecnologias, como o poliéster, a viscose, o náilon e, sobretudo, o polipropileno – um termoplástico amplamente reciclável, que não perde suas propriedades mecânicas, mesmo após alguns ciclos de processamento.

O secretário executivo da ABINT, Jorge Saito, exemplifica os usos mais rotineiros desse material. “Os não tecidos entraram no mercado trazendo inovação e qualidade. Antes, nas festas de aniversário, a decoração era feita com papel crepom, que hoje foi substituído por não tecidos, que também são coloridos, porém mais resistentes. Outro exemplo de aplicação cotidiana é visto nas igrejas, onde o pano de cetim também cedeu lugar aos não tecidos”, explica.

Como são fabricados os não tecidos?

A produção dos não tecidos combina tecnologias oriundas de diferentes indústrias, como a têxtil, a de couro, a de plástico e a papeleira.

Primeiramente, é formada uma manta, estruturada mas não consolidada, por camadas de véus de fibras ou filamentos obtidos por diferentes processos. Após essa etapa, é realizada a consolidação utilizando três métodos: mecânico (fricção), químico (adesão) e térmico (coesão).

Classificação dos não tecidos

Os critérios para classificação dos não tecidos são quanto à sua gramatura (leve, médio, pesado e muito pesado), à formação da manta (via seca, úmida e fundida), à consolidação dela (mecânico, químico e térmico) e, ainda, quanto aos acabamentos do material, às matérias-primas utilizadas e às propriedades das fribras/filamentos. No site da ABINT, há mais detalhes sobre esses critérios.

Aplicações dos não tecidos

Os nãotecidos estão presentes em diferentes áreas e situações do cotidiano: nos descartáveis higiênicos, representam 48% da produção brasileira de não tecidos, com destaque para fraldas, absorventes femininos, lenços umedecidos.

Eles também são utilizados no vestuário hospitalar. Esse nicho corresponde a 6% da produção da matéria-prima. “Para roupas hospitalares, é preciso utilizar os não tecidos trilaminados, principalmente para uso em centro cirúrgico. Eles evitam contaminações, pois o material de que são feitos impede que as bactérias passem do médico para o paciente e vice-versa”, enfatiza Saito. Ele comenta ainda que, enquanto descartáveis higiênicos utilizam até 8 gramas de metro quadrado de não tecido, os descartáveis médicos usam em torno de 40 gramas por metro quadrado.

No setor automotivo, carpetes, revestimento do porta-malas, capô, painel das portas e apoio de cabeça possuem essa matéria-prima. Na construção civil e geotécnica, podemos encontrá-la em geotêxteis para estabilização de solos e subsolos, contenção de encostas, reforço de concreto entre outras aplicações.

Nas filtrações como de ar, pó, líquidos e gases, os não tecidos também estão presentes. Além disso, no setor de limpeza como um todo, em especial em panos tipo wipes para diferentes usos. No agronegócio, em cultivos protegidos, mantas, coberturas, embalagens entre outros, também há a utilização do material.

Em relação a outros setores, o secretário executivo da ABINT destaca um produto que, hoje em dia, é muito utilizado. “Os não tecidos estão presentes nos cobertores para cachorros, mediante roupas esgarçadas que foram descartadas e pararam nas recicladoras. Depois de passarem por esse processo, elas vão para agulhadeiras e são transformadas em cobertores de não tecidos”, comenta.

Jorge Saito ressalta, ainda, uma aplicação muito comum dos não tecidos, que é na indústria calçadista, a qual representa 8% na produção desta matéria-prima. “Neste setor, os não tecidos estão ligados ao conforto. Em um sapato de couro, eles entram para isolar e manter o conforto do calçado. Nos tênis, por exemplo, ele é laminado para fazer o produto”, esclarece.

Devido a essa ampla gama de aplicações, os não tecidos estão em evidência e com produção em constante crescimento, registrando o surgimento de indústrias produtoras em diversos pontos do Brasil e do mundo.

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