Se você está começando no mundo da serigrafia ou deseja aprimorar suas técnicas, um dos primeiros pontos que merece atenção é a escolha da tela. Mais especificamente: o tipo de fio utilizado na malha. Apesar de parecer um detalhe técnico e pequeno, essa escolha influencia diretamente na qualidade da impressão, na definição dos traços, no consumo de tinta e até na durabilidade da tela.

Confira a seguir, de forma clara, as principais diferenças entre os tipos de fios usados em telas de serigrafia, abordando suas aplicações práticas e como fazer a escolha ideal para cada projeto. 

Por que a tela de serigrafia é tão importante?

Na impressão serigráfica, a tela funciona como um molde por onde a tinta é transferida para o material de destino (como tecidos, papéis, plásticos, madeira ou vidro). A estampa desejada é bloqueada nas áreas onde a tinta não deve passar, e a área aberta da tela permite a transferência da tinta.

A qualidade da impressão feita através desse processo está intimamente ligada às características da tela. E, consequentemente, ao tipo de fio usado, considerando material, espessura e quantidade por centímetro. Esse é um dos fatores mais importantes para obter bons resultados. Não subestime essa escolha!

Tipos de fios em telas de serigrafia: monofilamento x multifilamento

Monofilamento

O fio monofilamento é composto por um único filamento contínuo, como o próprio nome sugere. Ele é o mais utilizado atualmente em serigrafia profissional, especialmente para impressões que exigem alta precisão e definição. 

Vantagens do monofilamento:

  • Maior controle sobre a espessura e tensão da tela;
  • Melhor definição de imagem;
  • Maior resistência ao desgaste em processos repetitivos.

Multifilamento

O multifilamento é formado por diversos fios finos torcidos entre si. Esse tipo de malha foi bastante utilizado nas primeiras técnicas de serigrafia, mas hoje é menos comum em aplicações profissionais.

Vantagens do multifilamento:

  • Custo mais baixo; 
  • Boa retenção de tinta em certas aplicações artesanais.

Desvantagens:

  • Menor definição nos detalhes;
  • Menor resistência mecânica;
  • Dificuldade maior de limpeza e recuperação da tela.

Tipos de materiais mais comuns dos fios de telas de serigrafia

Além do tipo de fio, o material com que ele é produzido também afeta o desempenho da tela. No início da serigrafia, a malha utilizada era feita de seda (é daí que vem o nome em inglês “silk-screen”). Mas, com o passar do tempo e o desenvolvimento tecnológico, hoje os mais comuns (e indicados) são:

Poliéster: é o mais popular. Apresenta boa resistência, estabilidade de tensão e compatibilidade com diferentes tipos de tinta. O poliéster monofilamento é praticamente um padrão na serigrafia moderna.

Nylon: tem maior elasticidade e capacidade de retenção de tinta. Por outro lado, tende a perder a tensão com o tempo, o que pode comprometer a precisão da impressão. Além disso, seu custo é mais alto que o do poliéster.

Contagem e diâmetro de fios: o que significam e como influenciam o resultado

A contagem de fios (também chamada de “lineatura”) indica quantos fios existem por centímetro ou polegada na tela. Isso determina o grau de abertura da malha e a quantidade de tinta que consegue passar por ela. Isso porque o tecido é composto por fios verticais e horizontais entrelaçados, e o espaço entre um fio e outro é onde a tinta quando impressa é vazada para fazer a impressão. Esse espaço pode ser maior ou menor, determinado pelo tamanho da lineatura, e é classificado por números. Ou seja, tecido 10 fios, 44 fios, 55, 60, 77, 90, 120, 150, 180 fios… Por padrão, quanto menor a quantidade de fios, maior a abertura da malha.  Confira algumas características dos tipos de malha:

Malhas abertas (baixa contagem de fios)

  • Permitem maior vazão de tinta;
  • Ideais para superfícies porosas ou escuras, que exigem cobertura mais intensa;
  • Recomendadas para tintas com partículas grandes, como tintas metálicas ou com glitter.

Malhas fechadas (alta contagem de fios)

  • Favorecem detalhes finos e alta resolução;
  • Exigem tintas mais fluidas;
  • São ideais para impressão em papéis, filmes e substratos lisos.

O Curso de Silk Screen explica que essa classificação também gera indicações específicas para as aplicações da matriz serigráfica, indicando que os materiais a serem impressos podem ajudar a definir a lineatura da tela. Por exemplo: 

  • Fios 32 a 44: Ideais para tecidos felpudos e atoalhados.
  • Fios 50 a 77: Ideais para tecidos lisos e não muito finos, como brim, as malhas e algodão e desenhos chapados.
  • Fios 90 a 100: Ideais para retículas de até 12 pontos e desenhos detalhados, tecidos lisos de qualquer espessura.
  • Fios 120: Ideais para papel, papelão, vidro, materiais impermeáveis, madeira, couro, plásticos e tecidos finos como a seda.
  • Fios 150 a 180: Ideais para retículas finas, desenhos detalhados e semitons.

O diâmetro do fio é outro fator técnico que influencia tanto a durabilidade quanto a qualidade da imagem. Fios mais grossos resultam em telas mais resistentes, mas deixam menos espaço entre os fios, o que pode reduzir a passagem da tinta.

Por outro lado, fios mais finos permitem maior definição da imagem e maior transferência de tinta, mas são menos resistentes e exigem mais cuidado no manuseio.

Como escolher a tela de serigrafia ideal?

Para quem está começando, o ideal é começar com malhas de contagem média (por exemplo, 77 ou 90 fios/cm) em poliéster monofilamento. Isso oferece boa versatilidade para diversos tipos de impressão e facilidade no manuseio.

Outro ponto essencial é manter as telas bem tensionadas e limpas, garantindo reusabilidade e boa transferência de tinta.

Telas serigráficas: escolha de impacto para a qualidade final

A escolha correta da tela de serigrafia vai muito além de um simples detalhe técnico. Entender as diferenças entre tipos de fios, materiais, contagem e diâmetro é essencial para garantir uma impressão de qualidade, com boa definição e economia de tinta.

Quem domina essas variáveis consegue adaptar melhor seus processos, ampliar o portfólio de produtos e atender diferentes demandas com mais eficiência. E como vimos, não é preciso ser um técnico para começar: com informação confiável e prática, é possível fazer escolhas assertivas desde os primeiros projetos.

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