As superfícies são utilizadas como forma de expressão e comunicação desde nossos primórdios. As pinturas rupestres na pré-história são um exemplo disso. Hoje, elas são parte de uma das áreas mais promissoras do design. O design de superfícies, em linhas gerais, é aquele para tratamento de superfícies produzido por meios gráficos (como grafismos) ou táteis (texturas) com finalidade estética ou funcional.

Ele também ajuda a agregar mais valor aos produtos, proporcionando personalização, estilo e diferenciação, seja no segmento têxtil (com aplicações em tecidos), no gráfico (em embalagens, papel de parede, etc.), na customização de superfícies como cerâmicas e tantas outras que podem ser exploradas como oportunidade de negócio e diversificação de portfólio de produto.

“Em sua origem, o design de superfície abrangia apenas as aplicações em superfícies têxteis. No entanto, em países como o Brasil, ele apresenta grande versatilidade, podendo ser aplicado em substratos têxteis, como também em plásticos, cerâmicos, papéis e tantos outros bi ou tridimensionais”, explica Adriana Freitas, designer e ilustradora.

Passos iniciais para trabalhar com design de superfícies

Além da aplicação na área têxtil, há grande oportunidade para o segmento de embalagens, papelaria criativa, utensílios para o lar, revestimento para design de interiores e outros. Mas pode ir além, sendo incorporado, por exemplo, a projetos de impressão 3D de produtos.

E mais: é possível utilizar insumos, processos e técnicas de produção já disponíveis na sua empresa, como as de serigrafia, sublimação estamparia digital.

Veja, a seguir, algumas dicas básicas para começar a trabalhar com design de superfícies e aproveitar as oportunidades desse segmento.

1. Utilizar programas para trabalhar com design de superfícies

“Hoje, a maioria dos designers têxteis utiliza o software CAD. O Adobe Creative Suite é padrão no mundo do design de padrões de superfície. O Illustrator e o Photoshop costumam ser os mais usados. Porém, há quem prefira trabalhar com o InDesign. O NedGraphics também deve ser considerado, especialmente para design de superfícies têxteis”, recomenda Adriana.

Para esse tipo de trabalho, será essencial também ter um computador com capacidade para executar o software escolhido e lidar com arquivos grandes, assim como ter um scanner de grande escala.

“Um questionamento comum é se não há problema em criar artes à mão. Minha resposta é que você pode criar seus elementos de design de superfícies à mão (na verdade, essa é uma das minhas maneiras preferidas de criar meus elementos de design). Mas eu indico levá-los ao computador para criar suas repetições de padrão”, complementa a especialista.

2. Compreender os elementos básicos da criação de design de superfícies

Para realizar trabalhos de design de superfícies, é importante compreender os elementos básicos desse tipo de criação.

Entre eles, estão figuras/motivos (aplicações feitas de modo contínuo, podendo ser, por exemplo, figuras geométricas, motivos florais, étnicos, figurativos, etc.), elementos de preenchimento (usados de background) e elementos de ritmo (que determinam como os elementos do padrão se organizam, em termos de posicionamento, tamanho e outros atributos).

3. Acompanhar tendências e novidades

Nesse mercado, é fundamental compreender tendências, incluindo previsão de cores do ano, moda e temas. Quando você consegue combinar esse conhecimento com seu próprio estilo, fica mais fácil criar produtos que terão uma demanda potencial maior e fidelizada para seu negócio.

Além disso, frequentemente surgem novos materiais (com densidades e características diferenciadas), novidades em maquinários e processos produtivos – estar por dentro de tudo isso ajudará a ter um modelo de negócio eficiente e produtos de sucesso.

4. Estabelecer um briefing para cada criação

Antes de começar a projetar, é importante ter uma visão muito clara do que será necessário e viável. Isso é especialmente verdadeiro se você estiver projetando para um cliente específico ou com um resultado específico em mente.

Para produtos em design de superfícies, é fundamental conhecer quem é o seu mercado-alvo. Esta informação determinará muitos fatores em relação ao seu design, incluindo as cores e os motivos que você utilizará. Também pode afetar o tamanho da repetição que você irá trabalhar.

“Além disso, deve-se saber quantas cores você pode usar na arte. Não adianta criar um design lindo usando quatro cores para, posteriormente, saber que o número máximo de cores que pode ser usado é duas. O número de cores, na maioria das vezes, será determinado pelas limitações de produção e custo, por isso é importante saber essas informações antes de você comece a projetar”, recomenda Adriana.

5. Compreender o impacto da escala

Aplicar seus projetos a uma variedade de superfícies apresenta seu próprio conjunto de oportunidades e desafios. Por isso, é importante considerar a variedade de diferentes aplicações desde o início do projeto.

“Se você estiver criando um padrão para tecido e o ladrilho do padrão for tamanho A3, você poderia usá-lo para uma superfície muito menor, como uma capa de smartphone? Se seu padrão se tornasse um papel de parede, por exemplo, seria visto de forma muito diferente de como você o está vendo na tela enquanto o cria. Design para produtos menores tende a ter elementos mais simples e repetidos, pois o detalhe poderia simplesmente se perder em uma escala muito pequena”, exemplifica a designer.

Ela complementa ainda que “o ideal é começar cada projeto em uma tela que tenha as dimensões em pixels, PPI ou DPI alinhadas ao que se pretende ser o resultado final. Isso ajudará a evitar problemas como a pixelização e as falhas visíveis de design ao se fazer uma aplicação inadequada à arte criada. Por exemplo, um design que fica bem em uma pequena almofada pode não ficar bem ampliado em um edredom”.