De acordo com o Estudo de Mercado Institucional da IQVIA, o brasileiro gastou mais de R$ 120 bilhões em farmácias em 2019, o que ranqueia o país como o sexto maior mercado global no varejo farmacêutico. E a comunicação visual tem um papel nesses resultados.

Uma boa comunicação visual é a alma de qualquer negócio, pois ela ajuda a alavancar resultados e manter a marca na mente do consumidor, o que é fundamental para captar e fidelizar clientes. Essa comunicação deve ser pensada para impactar tanto quem já está dentro do estabelecimento quanto quem está passando por ele.

A fachada reproduz a porta de entrada para a efetivação da venda, sendo a primeira impressão sobre o seu negócio. Ela é o contato visual que irá atrair consumidores para o seu estabelecimento.

Mas a comunicação visual em farmácias e drogarias vai além disso. Continue a leitura e descubra mais sobre este mercado.

Importância da comunicação visual em farmácias e drogarias

A farmácia de hoje é muito diferente daquele de alguns anos atrás. Antigamente, os produtos ficavam preponderantemente atrás ou dentro de balcões, com pouca visibilidade para o cliente. A comunicação visual no estabelecimento era apenas funcional, sem tanto cuidado com a aplicação de técnicas de marketing, merchandising, psicodinâmica das cores, etc.

Assim, a comunicação visual acompanhou a evoluções desses negócios, que, em muitos casos, se tornaram uma verdadeira central de conveniência para o cliente, com um mix de produtos mais amplo que vai além de medicamentos.

Existem regras para essa comunicação visual?

De acordo com a coordenadora do curso de Design Digital da Universidade Anhembi Morumbi, Anamaria Galeotti, não existem regras específicas, apenas recomendações. A especialista cita como referência o Cadastro de Anúncios, órgão da prefeitura de São Paulo (CADAN), documento que traz uma série de indicações para esse tipo de trabalho.

Também é importante checar as normas locais quanto a fachadas – comumente, cada cidade apresenta variações de prescrições para esse tipo de comunicação visual, regulamentando sobretudo tamanhos e tipos de materiais que podem ser utilizados.

Ainda, deve-se levar em conta os princípios trazidos pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) que afirma que, nas peças de propaganda e divulgação deve-se respeitar as pessoas e legislações vigentes, não incluir informações que não tenham cunho científico, não comercializar produtos farmacêuticos com nomes equivocados que possam induzir o cliente ao erro, entre outras coisas.

Ainda, é importante levar em consideração as normativas da Anvisa quanto à divulgação de medicamentos. Essas incluem, por exemplo, a regra de que quando se utilizar na comunicação a divulgação de um desconto em medicamento, o preço integral desse também deve ser divulgado.

Além disso, antes de produzir as peças, é importante consultar as diretivas da Resolução 658, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que regulamenta a publicidade, a propaganda e o anúncio das atividades profissionais do farmacêutico. São oito artigos, mas é no quinto onde está a maioria das informações do que é vedado ao profissional farmacêutico:

 

Art. 5º – No âmbito da publicidade, propaganda ou anúncio de suas atividades profissionais, é vedado ao farmacêutico:

  1. a) divulgar especialidade ou área de atuação não reconhecida pelo Conselho Federal de Farmácia;
  2. b) anunciar títulos científicos que não possa comprovar e/ou especialidade e área de atuação para a qual não esteja qualificado;
  3. c) anunciar ou divulgar técnicas, terapias de tratamento e área da atuação, que não apresentem evidências científicas, assim como instalações e equipamentos que não tenham seu registro validado pelos órgãos competentes;
  4. d) adulterar dados visando beneficiar-se individualmente ou a instituição/estabelecimento que representa, assessora ou integra;
  5. e) garantir, prometer ou induzir a determinados resultados de tratamento, sem efetiva comprovação;
  6. f) expor o paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento não efetivamente comprovado e sem o seu expresso consentimento;
  7. g) acumpliciar-se a práticas lesivas ao consumidor e à saúde;
  8. h) usar expressões como “o melhor”, “o mais eficiente”, “o único capacitado”, “resultado garantido” ou outras capazes de induzir o paciente/consumidor ao erro;
  9. i) incluir mensagens, símbolos e imagens de qualquer natureza em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente;
  10. j) fazer afirmações e citações ou exibir tabelas e ilustrações relacionadas a informações que não tenham sido extraídas ou baseadas em publicações de órgãos e entidades oficiais, de uso tradicional reconhecido, de valor acadêmico com fundamento em literatura consolidada e/ou baseada em publicações ou evidências científicas;
  11. k) adotar práticas contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes;
  12. l) divulgar preços de serviços ou formas de pagamento para captação de clientela em desacordo aos direitos do consumidor;
  13. m) oferecer vantagem, ganho ou benefício financeiro a terceiro em retribuição ou troca de obtenção de serviço;
  14. n) deixar de prover o cliente ou seu responsável, quando for o caso, de informação de qualidade, confiável e rastreável cientificamente;
  15. o) omitir a declaração de conflitos de interesses quando palestrante em eventos, sendo obrigatório informar o recebimento de apoio e patrocínios de órgãos e empresas.

Pontos importantes para fazer a comunicação visual em farmácias e drogarias

“A comunicação visual, como muitos outros projetos em design, é feita para pessoas. Portanto, o público deve ser um fator importante a se considerar. É fundamental, portanto, entender o público ao qual se pretende atingir e pensar que o segmento que está trabalhando é relacionado à saúde, bem-estar, cuidados pessoais. Portanto, considerar esses fatores na construção da comunicação visual tornará o trabalho mais eficiente e bem-sucedido”, destaca Anamaria.

Isso pode ser traduzido, primeiramente, conhecendo o perfil dos clientes do estabelecimento, para criar uma linha de comunicação visual alinhada a eles. Depois, é importante padronizar os materiais em termos de cores, marca e harmonia visual. É importante lembrar que se a farmácia ou drogaria faz parte de uma rede, deve-se atentar para seguir a padronização estabelecida no Manual de Identidade Visual (MIV) da organização.

Para as empresas de comunicação visual, fechar um pacote de padronização em uma rede pode ser uma ótima oportunidade, já que em apenas um contato pode-se realizar diversos trabalhos, potencializando os ganhos do negócio em escala.

Nesses estabelecimentos, pode-se utilizar diversos tipos de peças de comunicação visual, incluindo banner, faixa, sinalização interna, displays, cartazes, flag wind banner, entre outros.

Quanto à fachada, além de consultar o que diz a legislação local, deve-se considerar a peculiaridade desse tipo de negócio, que, em muitos casos, opera em horário estendido ou, até mesmo, 24 horas. Assim, na hora de projetar a fachada, é importante levar em consideração a iluminação, para sinalizar o local e atrair o cliente durante todo esse período.

E, ao invés de criar totem de face única, apostar em peças dupla face também pode render bons resultados, já que torna visível a marca e a divulgação para quem está circulando de ambos os lados da via ou do interior do estabelecimento.

Mas também é possível inovar e criar uma experiência surpreendente para o cliente. Por exemplo, pode-se utilizar um painel em LED para demonstrar visualmente como um desodorante não deixa manchas em roupas escuras. Ou utilizar painéis ativados com realidade aumentada para que ele veja a diferença entre cores de tonalizantes para os cabelos. Com criatividade, a comunicação visual pode se tornar uma grande força de vendas para as farmácias e um bom negócio para prestadores de serviços do ramo.