Um dos maiores desafios enfrentados pela indústria têxtil é a grande quantidade de poluentes que ela produz. Com a preocupação ambiental cada vez mais presente nos debates do cotidiano, Herculano Ferreira, Diretor Técnico da ArtZone, e Benedito Batista, Diretor de Eventos da ABTT, assumiram o palco da Talks Future Têxtil para falar da Benetex, empresa de Brusque, Santa Catarina, referência em reciclagem têxtil no país.

“Vamos começar mostrando algumas imagens feias, mas depois vai melhorar”, brincou Ferreira, no início da palestra, pouco antes de revelar a quantidade de lixo têxtil produzida por ano no Brasil: 4 milhões de toneladas, o que representa 6% de todo nosso lixo produzido anualmente.

Apenas 20% disso tudo é reciclado, enquanto o resto acaba indo inadequadamente para aterros sanitários, ou mesmo esgotos e corpos d’água, como o Rio Tietê, em São Paulo, por exemplo, ou são incinerados, gerando gases tóxicos que contribuem para o efeito estufa.

“Isso sem falar naquilo que não é contabilizado oficialmente, como é o caso de resíduos que você encontra em ruas como o Brás, e em periferias”, complementa Batista.

No mundo, esses número são ainda maiores, chegando a 92 milhões de toneladas de roupas jogadas fora anualmente, além da emissão de gases provenientes da produção e incineração de poliéster, com tendências nocivas como o fast fashion potencializando ainda mais o impacto ambiental gerado.

Benetex: case de sucesso na sustentabilidade têxtil

Por mais que os dados apresentados sejam preocupantes, Ferreira pontuou de maneira certeira ao dizer que “a partir de todo problema sempre nasce uma oportunidade de inovar”. Foi exatamente isso que eles queriam mostrar ao apresentar o case da Benetex. Fundada em 1999, na cidade de Brusque, Santa Catarina, região conhecida pela sua potência têxtil nacional, a empresa é uma das maiores referências brasileiras no que se refere à reciclagem de material têxtil.

Com especialização em produzir desfibrados para uso em fiação open-end e indústrias de esfregões e escovas, a Benetex desfibra cerca de 40 toneladas por dia de resíduos de tecidos vindos de todos os cantos do Brasil, além de países com parceiros em todas as Américas, Europa e Ásia.

Ao ano, esse número chega a 1.500.000 toneladas, com os desfibrados da Benetex tendo como destino a sua transformação em objetos como tecidos no-woven, linhas de costurar, barbantes, cordas de tapete, entre vários outros objetos úteis para design.

Cada vez mais os clientes, sejam B2C ou B2B, se preocupam o impacto ambiental, e buscam comprar de marcas que vão além de proferir palavras bonitas sobre sua preocupação com a natureza, mas que de fato agem e apresentam seus resultados, como é o caso da Benetex, que vem crescendo para além das fronteiras do Brasil, com parceiros em outros continentes.

“A moda precisa ir além da transação para construir uma nova narrativa de valor que dialogue com o cliente com mais profundidade, sensibilidade e relevância. Vender por vender não é o caminho”, conclui Ferreira.

Antes de finalizarem sua palestra, Batista e Ferreira trouxeram ao público um tecido-não-tecido (TNT), também conhecido como no woven, como o que a Benetex faz, feito inteiramente de material reaproveitado, para demonstrar sua qualidade.

Um simples exemplo prático, porém eficaz, de uma das muitas coisas que podem ser produzidas por meio de uma nova forma de pensar o design e a moda têxtil, atendendo aos clientes, mas sem abandonar as necessidade do nosso planeta também.

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