É inegável que a Inteligência Artificial está revolucionando diversas áreas e negócios. Na indústria têxtil não é diferente. Porém, nem todo o setor está familiarizado com essa ferramenta.
Pensando nisso, durante a FuturePrint 2025, o palco Talks Futuretextil trouxe discussões importantes sobre o uso da IA nesta área.
Duas palestras abordaram temas complementares: a aplicação da IA na criação visual e estamparia, apresentada pelo especialista e professor de IA para criação visual Paulo Neves, e a relação entre IA, digitalização e sustentabilidade, conduzida pela professora e pesquisadora Camilla Borelli, presidente da da ABTT (Associação Brasileira de Tecnologia Têxtil, de Confecção e de Moda).
IA como ferramenta criativa e otimizadora de processos
Paulo Neves destacou como a IA está transformando o processo criativo na indústria têxtil, especialmente na criação de estampas e visualização de produtos. “A IA não substitui identidade, ela amplia a intenção de quem quer criar. A criatividade é nossa”, enfatizou o especialista, desmistificando o receio de que a tecnologia possa substituir designers.
Um dos principais benefícios destacados foi a otimização das alterações, um dos maiores desafios do setor. “O nosso maior desafio é a alteração. O custo é tão grande que às vezes um designer não faz uma arte, ele faz cinco”, explicou Neves, demonstrando como a IA permite visualizar rapidamente diferentes opções e reduzir o tempo gasto em modificações.
A tecnologia também permite simulações de técnicas como bordados e estampas, facilitando a visualização do produto final antes da produção. “Hoje a gente consegue simular uma ideia de um bordado, de uma estampa e simular texturas e materiais”, destacou.
Sustentabilidade impulsionada pela tecnologia
Na segunda palestra, Camilla Borelli abordou como a IA e a digitalização dos processos podem contribuir para a sustentabilidade no setor têxtil, que enfrenta desafios ambientais significativos.
“A nossa indústria têxtil gasta muita água e emite muito gás carbônico. Além de gerar muito resíduo”, alertou Borelli, apresentando dados que mostram que 87% dos resíduos têxteis acabam em aterros.
A pesquisadora enfatizou que a estamparia digital, potencializada pela IA, representa um avanço significativo em termos de sustentabilidade: “A estamparia digital veio para somar, proporcionando maior agilidade, redução de gastos e otimização dos recursos e do tempo. Conseguimos obter menor consumo de água e reduzir a utilização de produtos químicos.”
Aplicações práticas e tendências
Entre as aplicações práticas da IA no setor, foram destacadas:
- Prototipagem digital: “A grande vantagem da gente fazer a prototipagem digital é que você manda para o seu cliente aprovar sem ter gasto uma gota de corante, uma gota de tinta e nem um pedacinho de tecido. É tudo digital”, explicou Borelli.
- Produção sob demanda: A IA permite planejar a produção de acordo com a demanda real, eliminando estoques e desperdícios.
- Monitoramento em tempo real: “Você realiza todo o planejamento e programação via IA, além de configurar seu sistema produtivo completo com sensores para acompanhamento contínuo”, destacou a pesquisadora.
- Análise de defeitos: “Participei de um projeto no qual realizávamos análise de defeitos por meio de IA. O sistema executava uma análise visual no tecido para identificar imperfeições”, compartilhou Borelli.
Paulo Neves também apresentou ferramentas práticas para criação de imagens, aumento de resolução, transformação em vetor e simulação de produtos, demonstrando como essas tecnologias já estão acessíveis e podem ser implementadas por empresas de diferentes portes.
Confira algumas ferramentas de IA recomendadas pelo especialista:
- Pic Copilot: troca de roupa, construção de casting, faz o shooting em mais poses de acordo com o produto.
- Kling: criação de vídeo, troca de roupa e geração de imagens.
- Krea: Ferramenta completa com vários modelos de geração de imagem e com vários tipos de ferramentas integradas.
- ChatGPT: excelente para ajudar a montar prompts para outras inteligências artificiais.
Desafios e perspectivas futuras
Apesar dos benefícios, os palestrantes também abordaram desafios significativos. “No início, as empresas demonstram receio quanto ao investimento necessário. Questionam: ‘Precisarei modificar muitos processos e arcar com custos elevados?'”, comentou Borelli, ressaltando que a mudança de cultura representa o maior obstáculo a ser superado.
Paulo Neves discutiu questões recorrentes sobre a Inteligência Artificial, como sua permanência no mercado ou a possível substituição de profissionais criativos. “A IA não substituirá os profissionais, mas complementará seu trabalho. É semelhante ao que ocorreu quando o Photoshop foi introduzido no mercado”, comparou.
Para o futuro, ambos os especialistas projetam um cenário em que a IA se tornará indispensável para a competitividade empresarial. “Atualmente, o uso de IA nos processos ainda é considerado uma vantagem competitiva. Entretanto, em breve, quem não a utilizar estará em desvantagem no mercado”, alertou Camilla Borelli.
A mensagem final foi de cooperação e sinergia entre diferentes atores do setor. “Precisamos estabelecer parcerias efetivas, com pesquisadores de tecnologia e IA apoiando as empresas”, finalizou Borelli.
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