Esses dias postei no meu Instagram uma estampa que causou comoção. Gente elogiando, comentando, pedindo para comprar. E confesso: não foi só pela beleza visual.

Essa estampa nasceu de um lugar profundo da minha memória.

Era domingo. Como sempre, fui à igreja agradecer e pedir bênçãos. Durante o culto, me veio à mente uma cena da infância: os vitrais coloridos da igreja onde minha avó me levava — mulher firme, de fé inabalável, que me cuidou com carinho enquanto minha mãe enfrentava a vida real.

Minha mãe, aliás, foi outro pilar: viúva jovem, professora da prefeitura, criando três filhos sozinha. Trabalhava o dia inteiro, voltava para casa exausta, mas nunca deixou faltar amor, educação e exemplo. Ela foi mãe e pai, presente mesmo na ausência, guerreira silenciosa que segurava tudo sem reclamar.

Naquela lembrança, veio também a casa da minha avó, com as paredes de pastilhas coloridas, os brilhos refletindo a luz, a simplicidade encantadora dos detalhes. Foi aí que surgiu a ideia: e se eu transformasse essa lembrança em uma estampa?

O resultado você já viu: uma arte com o visual dos vitrais e pastilhas, mas com técnica avançada e acabamento UAU — usando plastisol gel fluorescente e relevo pastilhado.

Técnica utilizada

  • Nome: Relevo Pastilhado com Plastisol Gel Fluorescente + Plastisol Grip
  • Tecido: Malha 100% algodão
  • Matriz: 44 fios (poliéster aberto para alto relevo)
  • Emulsão: Emulsão para relevo (camada generosa na matriz base)
  • Equipamento: Mesa plana com Flash Cure manual

Passo a passo técnico

• Criação da arte

Comecei com 9 cores. Depois de observar a composição, eliminei 3. Isso é algo que sempre ensino: estampar também é editar. Menos cor pode significar mais impacto visual.

Optei por formas geométricas simples, sem detalhes finos, lembrando vitrais e ladrilhos. A ideia era causar pelo volume e pela luz, não pela complexidade.

• Revelação da matriz

Usei emulsão própria para relevo na base. Importante: fora de contato e com exposição precisa. Isso garante canais bem definidos.

• Primeira demão: base cinza com plastisol

Aplicada com rodo de 80 shores, passada firme. Essa camada precisa ancorar o relevo; se falhar aqui, nada sustenta o restante.

• Flash Cure até expansão

O calor precisa ser suficiente para fazer o plastisol expandir, mas sem deixar bolhas ou queimar. Controle absoluto.

• Segunda demão (suave)

Serve para subir o volume. A aplicação é mais leve, preenchendo o relevo sem exagerar.

• Terceira demão (leve)

Reforça o volume final. Aqui a superfície já está quase pronta para receber o gel.

• Aplicação do Plastisol Gel (preto, branco e fluorescente)

Em cada área da “pastilha” apliquei o gel com camada uniforme.

• Cura controlada do gel

Calor na medida: se passar do ponto, perde brilho; se faltar, a estampa gruda ou “borra”. Técnica exige prática.

• Finalização com Plastisol Gel Grip

Toque leve e antiderrapante, ideal para destacar ainda mais o relevo. Dá acabamento premium e protege o brilho.

Efeito UAU com história

Essa peça foi mais que uma estampa bonita. Ela conectou técnica, memória e emoção. Quem viu, sentiu. E quem comprar, leva um pouco da minha história.

Sempre soube por que minhas estampas são desejadas, e essa foi mais uma prova: produto com história é produto que causa o Efeito UAU.

Este ano, estive dentro de seis grandes empresas levando exatamente isso: mais do que técnica, o impacto de transformar memórias, autenticidade e propósito em produto.

Três coisas que marcam esse tipo de resultado:

  • Clareza do que você quer expressar;
  • Escolha certa das camadas e materiais;
  • E principalmente: intenção.

Se você quer dominar o relevo, aprender o controle real das camadas e criar estampas que emocionam, comece pelas três primeiras demãos. Uma sustenta a técnica, outra guarda a memória… e a terceira desperta o olhar de quem vai dizer: “Uau!”