O CMF Design — acrônimo para Color, Material and Finish — está ganhando relevância na indústria criativa, especialmente em segmentos como automotivo, moda, arquitetura e embalagens.

Mas o que exatamente é CMF Design? Imagine um produto que não apenas agrada aos olhos, mas também ao toque, à funcionalidade e à consciência. O CMF atua justamente nesse ponto de convergência entre tecnologia, percepção sensorial e propósito, influenciando diretamente a experiência do usuário e o posicionamento de marca.

Foi com essa perspectiva que Fabien Darche, gerente de desenvolvimento de negócios da SUSONITY para a América Latina, conduziu sua palestra durante a Comemoração do Dia Brasileiro da Cor 2025. “Estamos nadando dentro da noção de responsabilidade ambiental e também de consciência social sobre a providência dos materiais”, afirmou. Para ele, o design de superfícies precisa responder às demandas contemporâneas por sustentabilidade, conforto e autenticidade.

CMF como vetor de performance e funcionalidade

Para Darche, o CMF vai muito além da estética. Ele é funcional. “Mais e mais os materiais estão sendo desenvolvidos para redução de peso, mais resistência, mais durabilidade e também mais inteligência”, explicou, relacionando esses avanços ao impacto da eletrificação veicular e à busca por eficiência energética.

Essa funcionalidade também se traduz na experiência tátil. “Vamos esperar uma superfície mais soft, mais aconchegante, com mais propriedade de limpeza, com mais interação com o corpo”, disse, destacando como texturas e acabamentos influenciam diretamente a ergonomia e a percepção do usuário.

Pigmentos: da arte rupestre à engenharia óptica

A narrativa de Darche levou o público a uma viagem histórica pela evolução dos pigmentos — desde os orgânicos usados nas cavernas até os pigmentos de efeito desenvolvidos com minerais. “Um pigmento é um componente geralmente inorgânico… através do princípio de reflexão e absorção da luz, ele nos permite enxergar uma faixa específica do espectro da luz visível”, explicou.

Ele detalhou os três tipos principais de pigmentos:

  • Absorção: cores sólidas e opacas.
  • Metálicos: partículas de alumínio que refletem como mini-espelhos.
  • Perolados: efeitos complexos que mudam conforme o ângulo da luz.

Esses pigmentos nos permitem brincar com a cor e agregar uma percepção de valor diferente para o cliente final”, afirmou.

Autenticidade e imperfeição como linguagem estética

Um dos momentos mais marcantes da palestra foi quando Darche defendeu a imperfeição como valor estético. “Aceitar mais defeitos visuais… o lado irregular, o lado feito à mão, isso tem muito valor para o futuro”, disse, propondo uma ruptura com o paradigma da padronização extrema.

Essa valorização da autenticidade, segundo ele, é especialmente relevante em materiais naturais como couro, e pode ser integrada ao mainstream por meio de uma mudança de mindset. “A pequena irregularidade que vem contar uma história… isso é a nossa porta de entrada”, afirmou, conectando estética à narrativa de marca e à sustentabilidade.

CMF como ferramenta de branding e reposicionamento

O especialista também trouxe um estudo de caso emblemático: a nova identidade da Jaguar. A marca utilizou o CMF como estratégia de comunicação visual para se reposicionar no mercado. “Eles acertaram 2000% em um acabamento acetinado com uma partícula fina que, dependendo do ângulo, gerava ou não um efeito na carroceria”, comentou, ao analisar o uso de um tom rosa ousado no mercado norte-americano, seguido por uma versão azul adaptada ao público europeu.

Ou era isso ou era assinar o certidão de óbito”, disse, destacando como cor e acabamento podem ser decisivos na percepção de uma marca.

O CMF Design, portanto, não é apenas uma disciplina técnica. É uma linguagem que conecta inovação, identidade e emoção. Para os profissionais da indústria gráfica, de impressão e design de superfícies, compreender e aplicar os princípios do CMF é abrir caminho para produtos mais relevantes, sustentáveis e memoráveis.

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