A mídia OOH (Out of Home) faz parte da rotina de milhões de pessoas todos os dias. Presente em relógios de rua, pontos de ônibus, relógios digitais, totens interativos, painéis em aeroportos, metrôs e grandes avenidas, ela ocupa um papel estratégico no marketing ao atingir públicos diversos em seus deslocamentos diários.

Mas será que todas as pessoas conseguem acessar as informações veiculadas nesses espaços?

Apesar da capilaridade e do impacto da mídia OOH, pessoas com deficiência visual ainda enfrentam barreiras para acessar esse tipo de comunicação. A maioria dos conteúdos depende exclusivamente de elementos visuais, como imagens, cores, textos e ícones, o que exclui milhões de brasileiros que não enxergam ou possuem baixa visão.

Cada vez mais urgente, a necessidade de tornar a mídia OOH mais inclusiva, garantindo que todas as pessoas tenham acesso à informação e possam participar plenamente da vida social e do mercado de consumo, se impõe para os profissionais da comunicação visual.

Um exemplo importante nesse sentido é a iniciativa “OOH para Todos”, desenvolvida pela JCDecaux, em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos. “Nosso foco principal estava em como o projeto poderia impactar positivamente a sociedade por meio de um serviço inclusivo e que melhora a acessibilidade nos espaços públicos, alinhado ao nosso compromisso contínuo de criar cidades mais acolhedoras e amigáveis”, comentou a CEO da JCDecaux, Ana Célia Biondi, ao Meio e Mensagem.

A seguir, vamos entender por que iniciativas como essas são tão relevantes e como essa ação aponta caminhos para um futuro mais acessível e inclusivo na comunicação em espaços públicos.

Por que a mídia OOH é importante para a acessibilidade?

A mídia OOH não se limita a vender produtos ou serviços. Ela também comunica campanhas de utilidade pública, orienta deslocamentos, divulga oportunidades e reforça mensagens sociais importantes. Por isso, garantir que todas as pessoas possam acessar essas informações é uma questão de direito e cidadania.

Segundo o IBGE, 18,6% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual. Desse total, 6,5 milhões apresentam deficiência visual severa, sendo que 506 mil têm perda total da visão (0,3% da população) e 6 milhões, grande dificuldade para enxergar (3,2%). Quando a comunicação em espaços públicos não considera esse público, barreiras invisíveis são criadas, limitando o acesso à informação, o direito de escolha e a participação no mercado de consumo.

Tornar a mídia OOH acessível não é apenas uma demanda social, mas também uma oportunidade para as marcas ampliarem seu alcance e promoverem uma comunicação mais humana e inclusiva.

Desafios enfrentados por pessoas com deficiência visual na mídia OOH

Hoje, a maioria das ações de mídia exterior é pensada para impactar o público através da visão. As mensagens são transmitidas por meio de imagens, slogans, cores e identidade visual, deixando de lado outras formas de comunicação sensorial.

Entre os principais desafios enfrentados por pessoas com deficiência visual na mídia OOH estão:

  • Falta de audiodescrição: sem uma narração que descreva o conteúdo visual, a pessoa não consegue entender o que está sendo anunciado.
  • Dependência exclusiva do visual: campanhas que não oferecem recursos táteis ou sonoros limitam o acesso a informações relevantes.
  • Exclusão da experiência de marca: sem acessibilidade, milhões de consumidores deixam de ser alcançados, o que também representa uma perda para as marcas.

Essa falta de acessibilidade não apenas restringe a participação dessas pessoas, como também reforça a invisibilidade social da deficiência visual na comunicação pública.

A iniciativa “OOH para Todos” da JCDecaux

Pensando em quebrar essas barreiras, a JCDecaux, líder global em mídia OOH, lançou em parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos o projeto “OOH para Todos”, uma iniciativa pioneira que leva audiodescrição para o mobiliário urbano.

Como funciona?

O projeto consiste em mobiliários urbanos adaptados, que permitem o acesso ao conteúdo dos anúncios por meio de audiodescrição. A tecnologia funciona da seguinte forma:

  1. O usuário escaneia um QR Code posicionado no mobiliário urbano.
  2. Ao escanear, o usuário é direcionado a um áudio que descreve o conteúdo visual do anúncio em detalhes, incluindo informações sobre a campanha, imagens e mensagens principais.

Essa solução permite que pessoas com deficiência visual tenham acesso autônomo às informações dos anúncios, sem depender da ajuda de terceiros.

Benefícios da iniciativa

  • Acesso à informação de forma independente e segura;
  • Inclusão social e respeito à diversidade;
  • Ampliação do alcance das campanhas publicitárias, chegando a públicos muitas vezes esquecidos;
  • Valorização das marcas, que passam a ser vistas como socialmente responsáveis.

A iniciativa, que começou em São Paulo, já se mostra um exemplo de inovação social, com potencial de inspirar outras cidades e empresas a adotarem práticas semelhantes.

O futuro da acessibilidade na mídia OOH

O projeto “OOH para Todos” abre um importante caminho para o futuro da mídia exterior acessível. No entanto, ele também revela que ainda há muito a ser feito para que a comunicação em espaços públicos seja verdadeiramente para todos.

Oportunidades e desafios

  • Ampliar o uso de audiodescrição em diferentes formatos e cidades;
  • Incorporar outros recursos de acessibilidade, como informações táteis, linguagem de sinais e sinalização sonora;
  • Desenvolver tecnologias mais intuitivas e acessíveis, como sensores de proximidade e comandos de voz;
  • Educar o mercado e os profissionais de comunicação sobre a importância da acessibilidade em todas as etapas do planejamento;
  • Incluir pessoas com deficiência na criação e validação das soluções, garantindo que as iniciativas atendam às reais necessidades do público.

O avanço da tecnologia, aliado à crescente conscientização social, abre novas possibilidades para transformar a experiência da mídia OOH, tornando-a mais democrática, inclusiva e eficiente.

OHH para todos: uma responsabilidade coletiva

Tornar a mídia exterior acessível vai além de uma tendência de mercado — é um compromisso social que deve ser assumido por marcas, agências, veículos de mídia e gestores públicos.

Iniciativas como a da JCDecaux e da Fundação Dorina Nowill mostram que é possível aliar inovação, tecnologia e inclusão, beneficiando não apenas as pessoas com deficiência visual, mas toda a sociedade, ao promover uma comunicação mais justa e acessível.

No futuro da comunicação, OOH para todos deve deixar de ser uma iniciativa isolada e se tornar uma prática comum, garantindo que ninguém fique de fora da mensagem.