Muitos empreendedores me procuram justamente quando estão com o caixa negativo. Chegam desesperados, procurando a solução mágica. Isso quando não chegam bem “ferrados”, quando, além de caixa negativo, já esgotaram todas as linhas de crédito que tinham. 

Mas precisamos entender que caixa negativo não é um problema, é um sintoma. Fazendo um paralelo com a vida real, o caixa negativo é a “febre” da sua empresa. O que precisamos entender é a origem desse sintoma para poder tratá-lo de forma assertiva.

Como entender a origem do caixa negativo?

O primeiro passo para a recuperação é entender o que gerou o caixa negativo, a origem dele, e a melhor ferramenta para entender isso é o bom e velho DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício

O DRE vai ser o nosso check-up completo, detalhado com vários indicadores, que nos permitirá entender o que se passa com o seu negócio. 

Interpretando o DRE por meio de quadrantes

Feito o DRE, chegamos ao momento de interpretá-lo e buscar entender a relação de causa e efeito das coisas, compreendendo em qual dos quadrantes abaixo seu negócio está:

Quadrante 1: Caixa Positivo e DRE Positivo 

Neste caso, aparentemente está tudo bem, mas o cuidado aqui é para não se acomodar ou olhar para um período muito pequeno, de pico de vendas

Quadrante 2: Caixa Negativo e DRE Positivo

Este é o quadrante clássico de problemas de capital de giro, ou seja, a empresa tem lucro, mas esse lucro não está disponível para ser utilizado por diversos motivos, como: 

  • prazo de recebimento maior que prazo de pagamento; 
  • crescimento acelerado de vendas; 
  • política de investimento maior que a capacidade; 
  • mistura do PF com o PJ; 
  • prejuízo do passado que comprometeu todo o lucro no presente.

E assim vai. Existem várias razões que podem colocar um negócio neste quadrante. O desafio aqui é onde buscar recursos para poder sair deste quadrante, ou como melhorar o resultado no curto prazo sem gerar custos adicionais.  

O que não se pode fazer é ficar na inércia de achar que o problema vai se resolver sozinho, pois o custo do caixa negativo pode comprometer todo o negócio. 

Quadrante 3: Caixa Positivo e DRE Negativa 

Este é um dos quadrantes que mais me preocupa, pois negócios que não fazem DRE não conseguem percebê-lo, e isso é fatal, vai acarretar o fechamento do negócio no médio e longo prazo se nada for feito.  

Mas, aqui, o processo de recuperação está em fazer o negócio voltar a operar o quanto antes no zero a zero, de modo que não consuma todo o capital em caixa e te conceda tempo para focar no crescimento. 

Quadrante 4: Caixa Negativo e DRE Negativo 

O quadrante mais delicado de todos: para poder resolvê-lo, teremos que subir este negócio para o quadrante 2 o mais rápido possível, e só depois para o quadrante 1. Nada de sair pegando empréstimo, pois o crédito só levaria a empresa para o quadrante 3 e rapidamente voltaria para o 4. 

O crédito só fará sentido quando o problema for capital de giro, mas mesmo assim com ressalvas, pois seria preciso, primeiro, entender o motivo da necessidade de capital de giro. 

Para conhecer mais a respeito desse assunto, podem me seguir no Instagram: @chiconatof 

Felipe Chiconato  atua há mais de 11 anos com orientação e gestão de negócios. É especialista em Finanças Empresariais e Planejamento Estratégico. É bacharel em Administração, MBA em Gestão Financeira Avançada pela Universidade Paulista e pós-graduado em Gestão de Micro e Pequena Empresa pela Fundação Getúlio Vargas. Felipe também é criador de conteúdos e atua como palestrante em diversas feiras e eventos, como a Future Print, Feira do Empreendedor do SEBRAE, entre outras. 

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