O primeiro encontro
Em 2010, o shopping de Uberaba organizou uma palestra com o renomado estilista Mario Queiroz. Eu já trabalhava há anos estampando para grandes marcas, mas fui até lá como aprendiz, buscando aprender mais.
Naquele dia, eu vestia uma camiseta especial: um tigre em seis cores, com um detalhe em relevo plastisol. Era uma das minhas criações mais ousadas até então e realmente chamava atenção.
Enquanto falava, Mario caminhava pelo auditório. Em certo momento, olhou para mim e comentou em voz alta:
“Que camiseta bonita, rapaz.”
E seguiu com sua palestra.
O reconhecimento inesperado
Para mim, aquele comentário já teria valido a noite. Mas o que aconteceu depois foi
ainda maior.
No final, fui comprar um livro dele. Quando cheguei para pedir o autógrafo, Mario me reconheceu de imediato:
“Ah, você é o rapaz da camiseta… foi você quem fez?”
Respondi: “Sim, fui eu quem fiz.”
Na sequência, complementei: “Eu tenho uma estamparia.”
Ele olhou para a equipe que o acompanhava e disse, sem hesitar:
“Quero conhecer a estamparia desse rapaz.”
A surpresa no auditório
Naquele instante, os organizadores do evento e vários lojistas do shopping ficaram surpresos.
Afinal, havia na cidade lojas renomadas, marcas conceituadas, vitrines conhecidas.
Mas o estilista convidado escolheu visitar justamente a minha estamparia, que até então era pouco conhecida fora do círculo de produção.
Foi um choque para todos: em vez de buscar as vitrines mais famosas, Mario queria conhecer de perto a fábrica por trás da camiseta que chamou sua atenção.
Da fábrica à passarela
O que começou com um comentário virou convite. Mario não só pediu para que eu produzisse camisetas para o desfile dele, como também convidou a mim, minha esposa e meus filhos para irmos até São Paulo acompanhar tudo de perto.
De repente, uma estampa criada em Uberaba estava prestes a cruzar a passarela mais importante da moda brasileira: a São Paulo Fashion Week.
As provas que ficam
É verdade que eu não tenho mais comigo a camiseta do tigre — aquela que abriu as portas, com suas seis cores e o relevo plastisol que impressionou.
Mas existe algo que atravessou o tempo: uma das camisetas produzidas para a SPFW.
Essa peça eu guardo com carinho. E mais do que lembrança, ela é prova viva.
Por isso, faço questão de levá-la para todos os meus treinamentos presenciais.
Mostro aos alunos e participantes como exemplo concreto de que quando técnica, conhecimento e dedicação se encontram, uma estampa pode sair da mesa da fábrica e alcançar a passarela mais disputada do país.
O Efeito UAU
Hoje, olhando em retrospectiva, entendo que essa história carrega a essência do que chamo de Efeito UAU.
O cliente não paga pela camiseta. Ele paga pelo desejo que a estampa desperta.
Mais de uma década depois, sigo repetindo essa verdade em aulas, palestras e artigos como colunista da FuturePrint: o Efeito UAU não é teoria, é prática vivida.
É ele que transforma uma peça comum em algo que chama atenção, cria desejo e gera valor.
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