De forma geral, podemos identificar que a maior parte dos problemas que ocorrem na sublimação têm sua raiz nos fatores tempo e temperatura. Um percentual consideravelmente menor está associado ao uso de pressão inadequada.

A seguir, veja dicas práticas para solucionar os desafios mais comuns ao trabalhar com sublimação em tecido.

1. Procure os tecidos mais indicados para receber sublimação

A impressão por sublimação em tecidos já é algo que vem acompanhando o mercado gráfico há décadas. Com o tempo, oportunidades novas e tendências surgiram para tornar o serviço mais abrangente em diversos segmentos.

A tecnologia de soft signage, ainda iniciando no Brasil, por exemplo, vem permitindo que impressões de sublimação em poliéster se tornem mais facilitadas em um nível produtivo de larga escala.

Com isso, um passo fundamental para realizar uma sublimação com acabamento de qualidade é investir em substratos que permitam a melhor fixação. Como sabemos, o transporte dos corantes e tintas em uma sublimação pode ser realizado a partir de uma superfície de transporte (papel sublimático). Isso permite que substratos sólidos, como cerâmicas e vidros, possam ser submetidos a esse processo.

Conhecer as propriedades de seus tecidos, portanto, é primordial para o sucesso de sua operação com sublimação. Isso diz respeito especialmente à composição dos tecidos.

Os processos de tingimento em algodão, por exemplo, se diferem das fibras sintéticas, necessitando de um preparo na superfície (com um verniz) e não tendo uma reação tão efetiva. Assim, vale a pena também buscar tintas que tenham qualidade e se encaixem no que seu projeto e o cliente pedem.

Ainda em relação a materiais como 100% algodão, eles podem não ser os mais adequados para esse tipo de trabalho, uma vez que as fibras naturais não têm poros para abrir para aceitar a imagem. Isso quer dizer que o algodão até pode ser sublimado, mas, sem uma boa preparação, há grandes riscos de a imagem desbotar logo após algumas lavagens e a qualidade da impressão poderá deixar bastante a desejar.

Para minimizar riscos como esse, recomenda-se que o tecido seja, ao menos, do tipo malha PA – isso é, 50% poliéster e 50% algodão. Quanto maior a presença de poliéster na composição, melhor e mais confiável deve ser o resultado da sublimação. Com isso, a Malha PP (100% poliéster) é a que potencialmente gera impressões com cores mais expressivas e duradouras.

Aqui, cabe uma ressalva: sempre avalie as demandas e tendências de mercado. Por exemplo, quando se faz uma impressão de sublimação em uma camisa que não é 100% poliéster, é possível obter um efeito que parece vintage ou desgastado (estonado) – algo que pode ser muito popular em peças mais conceituais ou voltadas a determinado nicho de público.

2. Controle temperatura, pressão e tempo de sua máquina de sublimação

A sublimação em um tecido é um processo físico. Como o nome sugere, a tinta é vaporizada e se adere à superfície, fazendo com que a estampa ou arte se mantenha em tal superfície. Assim, é possível controlar a intensidade e diminuir os erros quando essas tintas e corantes são vaporizados e transferidos. E isso pode ser feito conhecendo bem seu equipamento e o quão preparado ele está para trabalhar com diferentes tecidos.

Por exemplo, uma máquina equipada com uma prensa plana, focada na impressão de tecidos de camisetas, utiliza uma chapa de alumínio com 2 cm de espessura. Conhecer esse dado é importante porque o processo de sublimação é afetado pela temperatura e, quanto maior a massa, mais caloria será retida. Ou seja, via de regra, uma prensa de canecas terá uma resistência menor e, portanto, gerará menos calor.

Fatores como pressão, tempo e temperatura podem fazer toda a diferença no ajuste fino do seu equipamento. Considerando esses elementos, é possível ter a compreensão de como produzir, em maior escala, produtos de sublimação de qualidade em diferentes tecidos.

Ainda, é importante destacar que, no contato entre o papel sublimático e o substrato, o resultado da arte estampada depende de um mínimo de pressão para que não ocorra perda de nitidez. Em relação à temperatura, o processo de sublimação ocorre na temperatura de 180 ºC.

No entanto, na configuração da prensa, é preciso considerar o tempo. Um tecido necessita de 30 segundos para partir da temperatura ambiente ao ponto de sublimação. Por isso, a configuração indicada das prensas considera 200ºC como a configuração ideal. Assim, respeita-se a curva de aquecimento, fazendo com que a sublimação da tinta e do corante não resultem em manchas.

Por fim, é preciso também considerar a umidade de seu ambiente de trabalho. O papel utilizado na sublimação deve estar seco, mantendo um melhor controle do padrão de estampa. Se você suspeitar de umidade, coloque o papel na impressora por alguns segundos. Não o pressione. Apenas exponha ao calor. O calor que irradia da prensa deve ajudar a evaporar a maior parte da umidade. Utilizar uma estufa também pode ser uma boa ideia.

Lembre-se, alguns dos problemas que podem ser atribuídos à umidade incluem: mudança de cor (as cores perdem precisão), sangramento da imagem e transferência irregular de áreas preenchidas com sólidos. Portanto, ter atenção a esse aspecto é primordial para trabalhar com diferentes tipos de tecido e produzir itens de qualidade em sublimação.

3. Tenha foco em seu principal nicho

Serviços de sublimação em tecido permitem que sua empresa produza diferentes soluções e produtos, diversificando seu portfólio e elevando sua lucratividade.

Entretanto, é importante saber o que o seu público realmente procura. Isso definirá quais são as estampas que você produzirá, que tipo de material irá investir e, até mesmo, a quantidade de seus insumos que terá em estoque.

Compreendendo melhor o perfil de seu público, você poderá investir de maneira mais estratégica em substratos para seu processo de sublimação. Além disso, o desenvolvimento de novos serviços e produtos ganha um caminho mais concreto a ser percorrido, gerando maiores resultados e minimizando o risco de perdas e prejuízos.

4. Diferencie-se pela qualidade de suas estampas

Muitas impressoras são fornecidas com algum tipo de programa gráfico, mas softwares de design mais especializados oferecem maior flexibilidade e desempenho. Corel, Adobe Illustrator e Photoshop são as principais plataformas de software para design que você poderá utilizar para desenvolver estampas criativas e exclusivas para seu negócio de sublimação em diferentes tecidos.

Também considere trabalhar com perfis específicos de substrato. Afinal, um problema bastante comum é um perfil de cor incorreto selecionado no software RIP pelo usuário. Isso pode afetar muito as cores de saída. A melhor maneira de resolver isso é criar ou usar perfis adequados a cada substrato. Os perfis permitem diferentes cargas de tinta, velocidades de impressão e configurações para se adequar a cada substrato.

Além disso, para suas estampas se destacarem, é importante checar casos como a impressão de cores menos vibrantes do que o esperado. Primeiro, certifique-se de que está imprimindo no lado correto do papel de sublimação, que normalmente é branco brilhante. O outro lado é geralmente esbranquiçado. Em seguida, verifique se você está imprimindo com o programa de correção de cores certo.

Há, ainda, que se considerar o problema de branding – isso é o surgimento de linhas de cores variadas na imagem sublimada. Essa é uma ocorrência comum em produtos menos profissionais, portanto, é crucial que você evite sua presença em suas produções. A causa para esse tipo de problema pode estar em diferentes fatores, especialmente no entupimento das cabeças de impressão de seu equipamento. Também pode ser motivada por falta de tinta ou em razão de a cabeça apresentar desvios de jato.

5. Elimine o efeito fantasma

O efeito fantasma, também chamado de ressublimação, ocorre sobretudo quando o papel sublimático ou o substrato prensado se desloca, gerando uma imagem borrada, normalmente caracterizada por um efeito de sombra ao longo ou fora das bordas.

Assim, este deslizamento pode gerar sombras ou desfoque na imagem. Tanto para profissionais já experientes quanto para aqueles que estão iniciando seu negócio no mercado de impressão sublimática, isso torna-se um grande problema para garantir o foco, resultado e entrega qualificada de seu produto.

Assim como vimos no item anterior, para lidar com esse desafio, é preciso que o procedimento de sublimação considere vários fatores que permitem que o processo seja realizado corretamente. Dessa maneira, além de garantir uma maior eficiência na sua solução, seu produto final poderá ser apresentado da melhor forma possível a seu cliente. Neste caso em específico, a chave para evitar o efeito fantasma é verificar se há um ajuste perfeito entre o papel de transferência e o substrato.

Um ponto prioritário para eliminar o efeito fantasma na sublimação vem também de cuidados com a prensa. Cheque se resíduos de tinta de substratos anteriores não permaneceram na chapa. Em relação a tecidos, lembre-se também de que, quando aquecido, o material se contrai e, por consequência, diminui. Por isso, não esqueça de preparar o tecido, fazendo sua pré-prensagem.

Por fim, busque utilizar sprays adesivos para que o papel sublimático fixe e não se desalinhe de sua peça. Isso ajudará a evitar sinais, manchas e marcas indesejadas. Da mesma forma, a umidade do ambiente pode ser um obstáculo, portanto, controle-a e evite executar esse procedimento em espaços muito úmidos.

Ainda, pode ser interessante utilizar um higrômetro para acompanhar os níveis de umidade em seu local de trabalho. Lembre-se que, para a impressão sublimática, o recomendado é que a umidade relativa esteja entre 35% e 65% (sem condensação).